Quinta-feira, 25 Abril

Paul Thomas Anderson fala do perigo de “romantizar” o Cinema mais antigo

O novo filme de Paul Thomas Anderson, Phantom Thread (Linha Fantasma), está prestes a estrear em Portugal e numa entrevista ao Finacial Times, o realizador de filmes como Magnolia, Haverá Sangue e The Master- O Mentor, falou sobre a produção do seu primeiro filme fora dos EUA, sobre o seu trabalho com Daniel Day-Lewis e a intenção deste em abandonar a carreira de ator. Anderson comentou ainda o que há de errado em dizer que “antigamente” é que o Cinema era bom, explicando que existe uma tendência em “romantizar” o que foi feito há muitos anos atrás.

Começando por Daniel Day Lewis, convém situar a decisão do abandonar a carreira de ator. Estavamos em junho passado e a Variety dava conta das palavras da porta voz de Lewis, Leslee Dart: “Daniel-Day Lewis não trabalhará mais como ator. Ele está imensamente grato pelos seus colaboradores e membros da audiência ao longo dos anos. Esta é uma decisão privada e nem ele ou os seus representantes farão comentários adicionais sobre o tema.”

Instado a comentar a decisão em novembro, à revista W, o ator de filmes como Em Nome do Pai disse que durante toda a sua vida pensou em abandonar essa profissão, mas que agora o impulso de abandonar a carreira tinha se tornado uma “compulsão“.

É uma conversa contínua“, disse Anderson ao Financial Times, referindo-se às discussões dele e Day-Lewis sobre o assunto. Anderson diz que acredita que o ator não vai mudar de ideias e quando questionado se tem alguma responsabilidade nessa decisão, o cineasta exclama: “Matei o maior ator do mundo? (…) Não me culpe por isso!“.

Já sobre a “romantização” dos filmes mais antigos, Anderson dá um exemplo: “Estou a olhar para um jornal antigo da década de 1950 (…) e toda a gente parece observar e dizer: ‘Meu Deus, esse foi um momento glorioso [para o Cinema]’ (…) eu olhei para o jornal e talvez existam três filmes que eu já ouvi falar que são fantásticos, que ainda são clássicos. Mas há 50 filmes que nunca ouvi falar – e cada um parece uma merda maior que a outra! (…) Se você começar a entrar no modo de romantizar … ‘A década de 1990, que é quando dizem que tudo aconteceu e mais nada aconteceu desde então’. . . isso acaba por minimizar tudo o que se faz hoje em dia, e você não pode [fazer isso]“. “Isso não é nada bom.“, conclui.

O cineasta, porém, reconhece que apesar de fazer estas críticas é um snob, especialmente no que diz respeito à forma como se consomem filmes hoje em dia: “Outra palavra para purista é Snob“, diz Anderson ao jornal quando discute a “santidade da experiência no grande ecrã“. “Sim – eu sou um snob“, finaliza. Já sobre o facto das outras pessoas verem filmes em telemóveis ou tablets, o realizador deixa entender que esse “choque” já lhe passou e que hoje já não olha para isso como um “momento WTF?“. 

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