Sábado, 27 Abril

«La gran familia española» por Roni Nunes

Um ano particularmente mau para o cinema espanhol, que também começa a acusar as políticas governamentais que votam a cultura ao menosprezo. Tampouco ajuda, para compor uma seleção de qualidade, que se aposte numa mostra, como a presente edição do Cine Fiesta, exclusivamente composta pelo seu cinema comercial.

Sucesso de bilheteira por lá, La gran familia española parte de uma premissa singular – a paixão de um homem pelo filme “Sete Noivas para Sete Irmãos”. O argumento do clássico de Hollywood não pareceu por si suficientemente esdrúxulo para o futuro patriarca da “gran família” vivido por Héctor Colomé, cujo grande sonho de vida passou a ser comprar uma quinta e lá ter a sua própria família com sete filhos (só chegou aos cinco). Eles estão todos reunidos para o casamento do mais novo que, por coincidência, ocorre no mesmo dia da final entre Espanha e Holanda, no Mundial de futebol de 2010.

Se não são sete filhos, cinco são mais do que suficiente para efeitos de exploração dramática pelo argumentista/realizador Daniel Sánchez Arévalo. Sem a pretensão de utilizar a festa de casamento como um comentário mais alargado sobre a sociedade espanhola (ao contrário do que o título sugere), a ênfase aqui é em criar episódios cómicos intercalados com conflitos dramáticos.

Assim, assiste-se a uma luta em que os momentos engraçados salvam parcialmente o resultado dos melodramas que podiam figurar, não só numa qualquer telenovela, como num mau anúncio publicitário – como demonstra a ridícula sequência em que os convidados chegam ao casamento a dançar. Apesar de tudo, o twist final ainda redime uma obra cujas soluções televisivas para a multidão de personagens estava a ponto de afundá-lo de vez.

O Melhor: o twist final e alguns momentos cómicos redimem o quadro total
O Pior: o drama de telenovela


Roni Nunes

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