O cinema coreano é conhecido pela sua brutalidade, lirismo e uma beleza digna de natureza morta, mas ao assistir In Another Country do aclamado realizador de Night and Day, Hong Sang-soo, nenhuma destas características é apresentada, aliás o que assistimos aqui é uma evidência da globalização cinematográfica quer no elenco ou no estilo fílmico pelo qual a fita desenrola. Hong Sang-soo tenta atribuir à sua nova criação, as remanescências do seu passado, contudo fá-lo da forma mais imatura e inconsequente possível. A começar pelo argumento, In Another Country começa com uma jovem (Mi Jung Yu) aspirante a argumentista que após a confrontação de uma difícil situação familiar encontra refúgio na escrita das suas histórias, elaborando a intriga de uma estrangeira de passagem numa remota cidade costeira da Coreia do Sul.

Isabelle Huppert desempenha a dita “turista”, emanando um exotismo cobiçado e desejado em torno dos personagens secundários. Por breves momentos a fita faz-se sentir por um humor ligeiro que invoca o choque cultural e os embaraços interpretativos. Depois disto, seguem mais duas histórias paralelamente dimensionais que conservam os cenários, as situações e os personagens, incluindo o de Isabelle Huppert, um efeito quase Schrödinger. Ficamos com a sensação que Sang-soo Hong filma o vazio, os gags de inspiração repetidos sem ilusões, os chamamentos das falsas-memórias e da ausência objetiva. Vê-se muito pouco da cultura cinematogra coreana aqui, apenas um “wannabe” disfarçado de cinema europeu, embrulhado com uma realização pouco inspirada e por vezes amadora (palavra impronunciável porque Hong Sang-soo é um “autor”), sem nunca seguir o rigor dos planos.

É uma obra que cai em falso, cínico como as personagens que pavoneiam perante este cenário surrealista e inócuo. “We get it“, é um ensaio sobre as circunstâncias do qual provêm as relações, mas penso que um filme que queira transmitir isso não deve ser exposto simplesmente e preguiçosamente por um conjunto de imagens enquanto o sentimento não existe. Em In Another Country falta-lhe sobretudo a identidade.

Pontuação Geral
Hugo Gomes
in-another-country-noutro-pais-por-hugo-gomesO Melhor – Algum humor ligeiro, o choque cultural entre a cultura Ocidental e Oriental O Pior – Quando o cinema deixa de ser diversificado e torna-se globalizado, mesmo em estilo!