Segunda-feira, 29 Abril

«The Impossible» (O Impossível) por Nuno Miguel Pereira

Confesso que este ano ando a ver muitos filmes baseados em histórias verídicas. Este foi mais um. A história passa-se nas horas seguintes ao tsunami de dezembro de 2004, na Tailândia. Foca-se num casal de classe média alta com três filhos, que tinham ido passar lá o natal. Numa dessas manhãs, foram surpreendidos pelo tsunami e separaram-se. A mãe, Maria, interpretada por Naomi Watts, andou à deriva nos destroços, ao lado do seu filho mais velho, Lucas (Tom Holland). O Pai, Henry (Ewan McGregor), conseguiu permanecer perto dos destroços do hotel com os seus outros dois filhos, Thomas (Samuel Joslin) e Simon (Oaklee Pendergast). Isto é a premissa e também aquilo que o trailer nos diz. A partir daqui, sabemos, mais ou menos, onde a história nos quer levar.

A questão é que em «Impossible», o que interessa não é o enredo, nem os plot twists (apesar de também existirem), o que lhe confere qualidade é a dimensão dramática vivida pelas personagens. Aqui há que destacar três nomes, Naomi, Ewan e Tom. Naomi consegue reproduzir a sua personagem com uma intensidade dramática tão realista que se torna comovente. Ewan tem a inteligência de dar ao seu personagem uma contenção emotiva (não entrou em overacting), que lhe garantiu ainda mais credibilidade e realismo. Depois temos Tom, ainda um ilustre desconhecido, mas que a partir deste filme, certamente se lhe agoura um bom futuro.

A verdade é que em certos momentos este filme se torna tão real e simultaneamente tão triste, que quase chorei que nem uma madalena arrependida (ou Madaleno, no caso).
 
Estas sequências comoventes e toda a intensidade dramática inerente acabaram por ser o maior trunfo e o maior erro do filme. Entramos em cenas demasiado piegas (principalmente o final) e em quantidades excessivas. A piorar isso, foi introduzida, demasiadas vezes, uma música cujo único objectivo era forçar o choro, sendo que a realidade das imagens e das interpretações seriam suficientes.

Por fim, não posso deixar de falar da realização, gostei muito da forma como Juan Antonio Bayona filmou esta obra. Transportou uma grande dose de veracidade para as imagens e ao mesmo tempo uma beleza caótica que nos permitiu assistir a um paraíso virar inferno, num curto espaço de tempo.
Este filme claramente não é aconselhado a pessoas demasiado sensíveis e certamente fará aumentar as vendas de Kleenex.

O Melhor : As interpretações e a realidade dos cenários e das situações ocorridas.
O Pior: A excessiva lamechice de algumas cenas, com uma irritante música a ecoar no fundo.
 
 Nuno Miguel Pereira

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