Segunda-feira, 29 Abril

«Quantum Of Solace» (007: Quantum of Solace) por Carlos Lopes

Em 2006, “007 – Casino Royale” revolucionou o conceito bem enraizado de James Bond. O famoso agente secreto renascia com uma visão mais humana e ao mesmo tempo mais violenta e era dado a conhecer a forma como ele se tornara um 007. Com este exemplo demonstrou-se que era possível elevar as personagens acima do patamar até à altura estabelecido pelo franchise

Pouco depois da morte de Vesper Lynd (Eva Green), Bond (Daniel Craig) captura Mr. White (Jesper Christensen) em Sienna e procede ao interrogatório do mesmo, juntamente com M (Judi Dench). Ambos descobrem que a organização para a qual Mr. White trabalha é mais vasta e metódica do que eles pensavam. Na investigação desta trama, Bond conhece novas personagens e o seu ego, bem como a sua capacidade de lidar com a dor, são postos à prova. Ele encontra Camilla (Olga Kurylenko), uma mulher motivada pela sede de vingança e Dominic Green (Mathieu Amalric), o vilão. Evitando tornar a sua missão pessoal, Bond faz por desprezar os seus sentimentos e revela-se uma autêntica máquina assassina, deixando um rasto de mortes que não agrada aos seus superiores e mostra-se sempre um passo à frente. A perigosa organização divulga raízes que chegam aos mais altos cargos sendo Dominic Green um dos representantes.

A meu ver, penso que seja vital o visionamento de “Casino Royale” para se entender este “Quantum of Solace” na sua totalidade e os pontos encaixam perfeitamente. O trunfo desta última aventura do 007 está mais uma vez nas personagens, acima da narrativa e num argumento bastante equilibrado. Paul Haggis juntou-se de novo a Robert Wade e Neal Purvis e conseguiram trazer esta sequela a bom porto. A película não é adaptada de nenhum dos contos de Ian Fleming e mais do que um filme de acção que envolve conspirações globais, é um argumento inteligente, ponderado e não chega ao extremo das tramas que serviam de fundo às aventuras de Pierce Brosnan, apesar de mesmo assim roçar nos temas mais mediáticos da actualidade.

A Sony Pictures tem feito os possíveis para se certificar de que este franchise não falha, mas só resta saber como o filme se irá comportar nas bilheteiras. Daniel Craig volta a fazer uma interpretação distinta e mais humana do agente secreto e a ele junta-se Olga Kurylenko, no que se pode ver como uma bond girl oposta à Eva Green de “Casino Royale”; fria e menos sentimentalista, coloca Bond à prova logo desde o início mas torna-se um dos elementos essenciais para o desenlace do agente secreto e para o desenvolvimento da sua personagem. Diria até que esta é uma primeira oportunidade para Kurylenko mostrar o que vale perante as câmaras depois de papéis menores em “Hitman” e “Max Payne”. Judi Dench continua a ser a escolha perfeita para M e Mathieu Amalric é um vilão à altura dos seus oponentes.

Os actores dão o melhor de si em parte graças à realização. Marc Forster mostra mais uma vez ser um realizador bastante versátil e isso é visível logo na espectacular sequência de acção de abertura do filme. O realizador de dramas como “Finding Neverland”, e passando ainda pela comédia com “Stranger Than Fiction” chega agora ao género de acção e consegue uma filmografia bastante bem sucedida. O toque do realizador está presente principalmente nas cenas mais dramáticas e no modo como dirige Daniel Craig neste Bond renascido.

O final do filme é um dos pontos fulcrais que completa o ciclo iniciado com “Casino Royale“. A questão que paira é se este filme consiste ou não numa segunda parte de uma possível trilogia. Marc Forster afirmou que existe uma cena que foi retirada do final que preparava um terceiro filme, mas assim temos um culminar aberto a outras opções. “Quantum of Solace” é um filme a não perder, quer para os amantes do cinema de acção, quer pelos cinéfilos em geral.

Carlos Lopes

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