Domingo, 28 Abril

«Grupo 7» por Roni Nunes

Os grandes eventos internacionais, sejam eles culturais ou desportivos, servem para colocar numa espécie de montra mundial os países que os organizam. Daí a urgente necessidade de se ter a casa “arrumada” para receber os visitantes, que incluem jornalistas do mundo todo. Assim, paralelo ao trabalho da construção civil, dos engenheiros, arquitetos e escultores que construirão as estruturas e embelezarão a cidade, existe um outro tipo de profissionais a operar na sombra para garantir que outro tipo de “inconveniências” não perturbe o idílio para turistas: os grupos humanos marginalizados. 

No caso do Grupo 7, a sua missão é eliminar o tráfico de drogas das ruas do centro de Sevilha, que prepara-se para sediar a Expo 1992. São quatro homens, abordados no filme não apenas pela sua ação, mas também com o reflexo desta nas suas vidas pessoais. A comparação mais óbvia é com “Tropa de Elite” (o primeiro), mas a sua falta de compromisso com o politicamente correto e uma abordagem cinematográfica de enorme eficácia o coloca palmos acima do exemplar brasileiro.

“Grupo 7” traz um equilíbrio perfeito ao intercalar ação vertiginosa com amostras da vida pessoal de pelo menos dois dos agentes – não por acaso aqueles que acabam por ser absorvidos pela sua missão de uma forma que vai muito além do que seria desejável. No meio do fogo cruzado, problemas tanto para a vida familiar do jovem inspetor Angel (Mário Casas, também protagonista de “Tengo Ganas de Ti”) quanto para existência solitária do brutal Rafael (António de La Torre), cuja vida pessoal ganha, no entanto, alguma humanidade quando recolhe da rua a agarrada Lucia (Lucia Guerrero). 

As cenas de ação optam mais pelo registo realista do que pelo espetacular, sem que isso lhes traga prejuízo a nível de adrenalina. Já o drama humano dos policiais é magnificamente encerrado na última cena, onde depois de tudo que foi visto ou feito, pouco resta a dizer. Apesar do comentário político preciso, peca por uma certa complacência aos excessos policiais – justificados pela absoluta hipocrisia das autoridades governamentais.


O Melhor: o equilíbrio entre ação vertiginosa e dramas existenciais
O Pior: por vezes demasiado delimitado entre bons e maus, além de uma certa complacência com a violência policial
 
 
 Roni Nunes
 

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