Sexta-feira, 26 Abril

Wagner Moura, Christian Petzold, Alice Rohrwacher: convidados e novidades do Leffest

O Lisbon & Sintra Film Festival vai decorrer entre 15 e 24 de novembro.

Em Sintra, o Centro Cultural Olga Cadaval voltará a sediar o evento pelo quarto ano consecutivo; em Lisboa, com o encerramento das salas do Monumental, as alternativas serão o Espaço Nimas, o Teatro Tivoli e, a grande novidade, uma sala na Universidade Lusófona.

Os primeiros destaques da programação foram divulgados em conferência de imprensa realizada hoje (14/10) no Palácio Nacional de Queluz e contou com a presença do presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta, da vereadora para a Cultura da Câmara de Lisboa, Catarina Vaz Pinto, e do diretor do festival, Paulo Branco.

Como sempre, a programação de filmes alternativos é das mais aliciantes, embora convenha ressaltar que  não haverá exibição de The Irishman, o filme de Martin Scorcese que parece fadado a não ser exibido num grande ecrã em Portugal, nem de Uncut Gems, dos irmãos Safdie.

De resto, há Terrence Malick, Costa-Gravras, que eventualmente estará presente, Elia Suleiman (presença confirmada), François Ozon, Atom Egoyan, Ken Loach e jovens realizadores que têm dado nas vistas como Robert Eggers e o seu The Lighthouse (com presença de Willem Dafoe) e Les Misérables, de Ladj Ly, uma das sensações do último Festival de Cannes.

Já a Competição fornece uma rara oportunidade para cinematografias mais longínquas (Rússia, Ucrânica, China, Geórgia) assim como traz nomes bem conhecidos, como os de Abel Ferrara (Tommaso) e Bertrand Bonello (Zombie Child). Ao contrário do ano passado, há um filme português na seção – Patrick, de Gonçalo Waddington.

Populismos e Resistências 

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Se o Simpósio Internacional traz o tema “Resistências” e um representando do Movimento dos Coletes Amarelos, o Brasil, politicamente afundado nas trevas do populismo de tonalidades fascistas, traz Wagner Moura – que será membro do júri e vai apresentar o seu Marighela” obra sobre um famoso guerrilheiro comunista brasileiro que poderá não estrear no seu país de origem.

Segundo Paulo Branco, as retrospetivas foram escolhidas em função de artistas que pudessem estar presentes para apresentar e discutir os seus filmes. Daqueles raramente vistos por cá estarão grandes nomes como os de Christian Petzold e Alice Rohrwacher – para além de Corneliu Porumboiu e Damien Manivel. Dos portugueses, os escolhidos foram José Miguel Ribeiro e Rita Azevedo Gomes.

Cinema Fast Food

Um dos pontos cruciais da edição deste ano foi encontrar um espaço lisboeta para substituir as quatro salas do Monumental, reduto essencial do certame. Segundo Paulo Branco, a escolha de uma sala junto da universidade Lusófona envolve riscos, mas “qualquer espaço hoje é um risco. Se os estudantes não vêm a nós, cabe a nós irmos até eles. Os eventos culturais não despertam a sua atenção, eles dificilmente se deslocam para algo que não seja esses grandes eventos de consumo. Em vez de criticar nós pretendemos antes atrai-los“.

Essa noção de “fast food” norteia o consumo de cinema atual e, segundo o diretor do Leffest, esse tipo de evento e a abertura de espaços reflexivos, que promovam diálogos com os artistas. “Cada vez mais muitos dos grandes filmes europeus têm dificuldades em encontrar público e espaços onde possam permanecer em cartaz e serem vistos e discutidos. O consumo de cinema mudou radicalmente, é um ‘fast food’, em Portugal mais do que nos outros países“.

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