Sexta-feira, 29 Março

Shots críticos: Entre Lisboa e Park City, passando por Roterdão e Angers

O final de janeiro está marcado pelo início de inúmeros festivais e mostras de cinema que marcam o arranque de 2019 na exposição da 7ª arte aos espectadores.

De Lisboa (Kino- Mostra de Cinema em Expressão Alemã) a Park City nos EUA (Sundance e Slamdance), passando pela Holanda (Festival Internacional de Cinema de Roterdão) e França (Festival Premier Plans, em Angers), o c7nema tem seguido algumas das obras exibidas, ficando aqui nesta rubrica os nossos primeiros avanços em termos de crítica cinematográfica aos filmes que por lá passaram.

Kino- Mostra de Cinema em Expressão Alemã (Lisboa)

Três dos filmes já analisados pelo c7nema em termos de crítica são 3 Dias em QuiburanEntre Corredores e Sobre Tudo Sobre Nada, três obras bem conseguidas que elevam o estatuto da mostra a uma daquelas prospostas cimematográficas que se deve seguir com atenção ao longo deste ano.

3 Dias em Quiberon ficcionaliza o período em que Romy Schneider deu uma entrevista ao jornal alemão Stern, quando se encontrava em tratamento na cidade balnear da Bretanha. É uma viagem – entre alguns formalismos e rasgares excecionais de loucura – à alma da famosa atriz, perdida entre depressões, adições e uma grande amargura pela sua vida.  (crítica completa)

Entre Corredores é um filme que através de um realismo mágico que acompanha a vida de um grupo de personagens que trabalha no armazém de um hipermercado. Uma tragicomédia romântica que caminha para a desgraça, mas que é elevada por um trabalho na realização capaz de transformar a rotina e as ações mecanizadas do mundo laboral em momentos de verdadeira arte e beleza. (crítica completa)

Depois de passar no Porto/Post/Doc, o português residente em Berlim Dídio Pestana apresentou na Kino Sobre Tudo Sobre Nada, documentário executado com recurso a filmagens pessoais recolhidas durante 8 anos que nos prestam a condição da autorrepresentação, não inserida no valor visual, mas na estrutura deambulante com que coloca a sua experiência de vivente. (crítica completa)


 

Roterdão

Várias críticas se seguirão, mas começamos por falar de A Noite Amarela,  um “slasher espiritual” eficiente e inesquecível, mesmo que nem sempre pelas melhores razões. A história de um grupo de amigos recém licenciados do ensino secundário que visita uma ilha para celebrar a transição segue muitos dos clichés e regras do género do terror, mas nunca se contenta em ficar refém desses traços estilísticos (crítica completa)


 

Slamdance

Já são três os filmes analisados neste festival de cinema que ocorre em paralelo ao mais mediático da cidade de Park City, Sundance.

Dollhouse: The Eradication of Female Subjectivity from American Popular Culture repesca as bonecas da sua curta-estreia Operated by Invisible Hands (2007) para nos trazer o que inicialmente poderia ser indicado como “um retrato do século XXI”, à la Vox Lux, mas tropeça nas suas intenções (crítica completa)

Boni Bonita, a segunda longa-metragem de Daniel Barosa (a primeira ficção em tal formato), segue Beatriz e Rogério, dois seres sem nada em comum para além das suas vidas fracassadas. Estamos perante uma obra acima do seu drama algo existencialista, um desejo de reconciliação com um país de outrora. (crítica completa)

Finalmente, analisamos já Lost Holiday, filme em que Michael Kerry e o ator Thomas Matthews reúnem-se para uma primeira aposta na direção que acompanha dois amigos a tentarem decifrar um rapto na vizinhança. Comédia dramática negra com tiques Mumblecore, Lost Holiday é uma viagem existencial que deixa toda a ação conduzida num policial à paisana para segundo plano. (crítica completa)


 

Sundance

A primeira das obras analisadas é The Boy Who Harnessed the Wind, fime estreia do ator Chiwetel Ejiofor sobre um rapaz que confrontado com as adversidades no malawi constroi um moinho que apoiará as culturas agrícolas da sua família. Embora competente, Ejiofor nunca consegue sair das amarras de um filme “feel good” mediano, encorajador e previsível com pouco ou nada para acrescentar ao livro que o inspirou. (crítica completa)


 

Premier Plans

O filme de abertura do festival gaulês especializado em primeiras obras foi o delicioso e verdadeiramente emotivo C’est ça l’amour, um estudo absorvente do estado de espírito de uma família após a separação de um casal. Um  filme belíssimo de uma família “fisicamente” a desmoronar-se, mas que encontra união para além da proximidade física da convivência. (crítica completa)

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