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Arranca o Festival de Sundance! 16 filmes para manter debaixo de olho

Começa hoje o Festival de Cinema de Sundance, evento que vai decorrer em Park City, no Utah, EUA, até ao próximo dia 3 de fevereiro. 

De um recorde de 14259 obras submetidas – incluindo 4018 longas-metragens – foram selecionadas 112 de 33 países, sendo de realçar a variedade de propostas e a estratégia de inclusão. Dos 61 realizadores em 56 filmes, nas quatro principais categorias de competição de Sundance, 42% são mulheres; 39%, pessoas de cor; e 23%, pessoas que identificam-se como LGBTQ, segundo as estatísticas divulgadas pelo festival.

Na principal secção competitiva do certame (US Drama), nos 16 filmes presentes cerca de 53% dos realizadores são mulheres; 41%, pessoas de cor; e 18%, LGBTQ.

Outro dos elementos a ter em conta na edição 2019 do festival de cinema independente mais famoso do mundo é a diversidade temática, com documentários a serem exibidos sobre os alegados crimes sexuais de Michael Jackson (Leaving Neverland) e Harvey Weinstein (Untouchable), a seguirem os mentores de Donald Trump, Roy Cohn (Where’s My Roy Cohn?) e Steve Bannon (The Brink), ou ainda a olharem para Leonard Cohen (Marianne & Leonard), Anton Yelchin (Love: Antosha) e a nova estrela da política americana, Alexandria Ocasio-Cortez (Knock Down The House).

Nas ficções, temos obras sobre a vida de Shia LaBeouf (Honey Boy), sobre o assassino em série Ted Bunty (Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile) e até mesmo Keira Knightley como a delatora Katharine Gun (Official Secrets). Há também dramas de mulheres atacadas com ácido (Dirty God), jovens que depois da farra – e de ficarem inconscientes – assistem a vídeos seus tornarem-se virais (Share), e thrillers políticos sobre os metodos de tortura da CIA no pós 11 de setembro (The Report).

Por Park City vai passar de tudo um pouco. Como tal, fazemos aqui uma pequena lista de 16 filmes que vale a pena manter debaixo de olho. 


Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile

Mais habituado a documentários, Joe Berlinger traz até Sundance Extremely Wicked, Shockingly Evil and Vile, filme que coloca Zac Efron no papel do assassino em série Theodore Robert Cowell, mais conhecido pela alcunha de “Ted” Bundy. 

O projeto, com o argumento de Michael Werwie, vai contar a história de Bundy a partir da perspetiva da sua namorada de longa data, Liz (Lily Collins), a qual foi durante anos negando as acusações contra o serial killer, mas que eventualmente o entregou à polícia. Bundy eventualmente confessou 30 homicídios cometidos em sete estados entre 1974 e 1978, embora o número real das suas vítimas ainda seja desconhecido e possivelmente muito maior.

John Malkovich também está no elenco da obra, no papel de Edward Cowart, o juiz do julgamento de Bundy, onde impôs a sentença de morte.


Velvet Buzzsaw

Neste thriller satírico, passado na cena artística contemporânea de Los Angeles, no qual artistas reputados e grandes colecionadores pagam um preço demasiado alto quando a arte colide com o interesse comercial, Jake Gyllenhaal e Rene Russo voltam-se a encontrar com Danny Gilroy, o responsável por Nightcrawler – Repórter na Noite

Toni Collette, John Malkovich, Zawe Ashton, Natalia Dyer, Tom Sturridge, Daveed Diggs e Billy Magnussen fazem também parte do elenco. Depois de passar por Sundance, Velvet Buzzsaw chega à Netflix a 1 de fevereiro.


The Report

Podemos já falar dos Oscars de 2020? Ok. É demasiado cedo, não tendo visto o filme, mas os ingredientes do género de obra que chega à “awards season” estão lá: Adam Driver, Annette Bening, Jon Hamm, Tim Blake Nelson, Michael C. Hall, Matthew Rhys, Jennifer Morrison, Maura Tierney e Ted Levine fazem parte do elenco; o filme é assinado pelo colaborador frequente de Steven Soderbergh, Scott Z. Burns; e o enredo é político e de relevância atual.

The Report segue a história real de um funcionário do Senado (Adam Driver) encarregado de investigar o Programa de Detenção e Interrogatório da CIA, na esteira do 11 de setembro. A investigação revela as “técnicas aprimoradas de interrogatório”, ou seja, tortura.

Os dados estão lançados para um thriller político que vai certamente dar que falar.


Honey Boy

O provocador Shia LaBeouf participa num filme sobre si mesmo, desempenhando o papel do seu pai – definido como alcoólico abusivo. 

Intitulado de Honey Boy, o filme, tal como é descrito, será um relato da vida do ainda jovem ator (interpretado por Lucas Hedges) que encontrou o sucesso na saga Transformers de Michael Bay. Para além das suas vivências, a obra, que conta com realização de Alma Har’el (Bombay Beach), retrata as suas filosofias de vida e questões existenciais que o levaram a ser o que é hoje.


The Farewell  

Após o sucesso de Crazy Rich Asians, Awkwafina segue para Sundance com The Farewell e Paradise HillsO primeiro poderá ditar (ou não) as verdadeiras capacidades da atriz para o drama.

No filme seguimos uma jovem sino-americana que regressa à China quando descobre que a avó está a morrer. Ela luta com a escolha da sua família em manter o diagnóstico terminal da avó em segredo, enquanto a família prepara um casamento improvisado para reunir todos pela última vez.


 Little Monsters

 

Little Monsters segue Dave (Alexander England), um músico que se voluntariou para a viagem de campo do seu sobrinho no jardim de infância, depois de se ter enamorado pela professora Caroline (Lupita Nyong’o). Se a intenção de Dave de aproximação à professora é complicada de gerir pela presença de uma famosa personalidade (Josh Gad) que também gosta de Caroline, as coisas complicam-se quando estoura um surto repentino de zombies. Lupita Nyong’o e zombies? Queremos ver…


The Sound of Silence

Peter Sarsgaard e Rashida Jones lideram o elenco da estreia de Michael Tyburski nas longas metragens.

Na competição principal, The Sound of Silence segue Peter Lucien (Sarsgaard), que trabalha em Nova Iorque como “afinador de habitações”, uma profissão altamente especializada que ele próprio criou para ajudar clientes com problemas de depressão, ansiedade ou fadiga. Depois de analisar as características acústicas das suas casas, Peter identifica um tipo de combinação sónica que altera o humor dos clientes. Os problemas começam quando ele conhece Ellen Chasen (Jones) e falha no diagnóstico, ficando obcecado em procurar o que correu mal na sua análise.


The Boy Who Harnessed the Wind

A estreia de Chiwetel Ejiofor (12 Anos Escravo) na realização foi adquirida pela Netflix e é baseada no bestseller com o mesmo nome de William Kamkwamba e Bryan Mealer.

Neste crowd-pleaser – que destaca o poder da educação e a determinação individual para mudar a trajetória de uma vida, de uma cidade e de uma nação – seguimos a história de William Kamkwamba, de 13 anos, (o estreante Maxwell Simba) que é expulso da escola quando a família deixa de conseguir pagar as propinas. Escapando várias vezes para a biblioteca da escola, ele encontra uma maneira, usando a estrutura da bicicleta do pai Trywell (Chiwetel Ejiofor), de construir um moinho de vento que acaba por salvar a sua vila malawiana da fome. 


Late Night

Com vários episódios filmados de séries como Eu, Tu e Ela; Dear White People e Brooklyn Nine-Nine, Nisha Ganastra apresenta Late Night, filme que conta a história de Katherine Newbury (Emma Thompson), uma apresentadora lendária e pioneira no circuito de talk shows noturnos.

Quando ela é acusada de ser uma “mulher que odeia mulheres”, ela contrata Molly (Mindy Kaling), o único elemento do sexo feminino na sala de guionistas que trabalham para Katherine. Mas terá sido tarde demais essa escolha, já que o programa enfrenta a baixa audiência e já se pensa em substituí-la? Molly, querendo provar que não foi apenas contratada para mostrar a diversidade étnica nas contratações da empresa, está determinada em ajudar Katherine revitalizando o seu programa e a sua carreira.


The Great Hack

Karim Amer e Jehane Noujaim (The Square) regressam a Sundance com um documentário profundamente complexo e instigante que questiona a origem da informação que consumimos diariamente e nos desafia a pensar sobre o que perdemos quando tocamos no telefone ou no teclado e compartilhamos na era digital.


 Untouchable

Documentário assinado por Ursula Macfarlane, que dirigiu  Charlie Hebdo: Three Days that shook Paris.

Segundo Tom McDonald da BBC, que encomendou o filme, a produção promete minuciosamente contar os detalhes em torno do caso Harvey Weinstein que veio a público nos últimos meses, mas também examinará a história do abuso de poder em Hollywood, em particular após o surgimento do sistema de estúdios: “É um filme que será perguntas difíceis e desafiadoras sobre a cumplicidade, o preço do silêncio e os efeitos corrosivos do poder“, afirmou.

O filme de 90 minutos contará com testemunhos das atrizes, agentes e produtoras que alegam ter sido vítimas de Weinstein. E enquanto o processo criminal contra Weinstein continua, o filme questiona igualmente se uma mudança significativa no sistema de justiça – e na indústria cinematográfica – é realmente possível.


Premature

O regresso a  Sundance de Rashaad Ernesto Green, ele que em 2011 era apontado como o novo Spike Lee. Numa entrevista ao c7nema na época, ele não negava as influências, pois afinal de contas Lee era seu professor e amigo. Estreando na seção Next, Premature é um drama romântico ambientado no Harlem contemporâneo que conta a história de uma jovem (Zora Howard) que tem uma aventura inesperada com um músico um pouco mais velho (Joshua Boone) no verão antes de ir para a faculdade.

Nós não morremos apenas, não experimentamos apenas o trauma, não experimentamos apenas a dor (…) Nós experimentamos triunfos e alegria, e na maioria das vezes, eu diria que são pequenos, pequenos triunfos, pequenas alegrias, pequenos amores. Mas essas histórias ainda valem a pena serem contadas“, disse Zora Howard ao LA Times sobre o filme que protagoniza e escreveu a meias com Rashaad Ernesto Green.


Share

Na estreia de Pippa Bianco na realização de longas-metragens acompanhamos Mandy (Rhianne Barreto), uma adolescente que depois de uma noite de festa descobre que uma série de vídeos seus – meio vestida e semiconsciente – tornaram-se virais. Lutando perceber o que aconteceu, ela tenta voltar à normalidade, encontrar a segurança e curar uma ferida que não consegue identificar.

Share é uma adaptação de uma curta da própria realizadora que venceu o primeiro prémio na Cinéfondation do Festival de Cannes em 2015. 


 Official Secrets

Baseado no livro The Spy Who Tried to Stop a War, o novo filme de Gavin Hood (Tsotsi: X-Men Wolverine) conta a história real da agente secreta britânica Katharine Gun, que durante a invasão do Iraque em 2003 divulgou a um jornal segredos da Agência de Segurança Nacional dos EUA. O memorando – que expunha uma operação ilegal de espionagem dos Estados Unidos contra membros do Conselho de Segurança da ONU – propunha chantagear estados membros indecisos a votarem pela guerra no Iraque.

Protagonizado por Keira Knightley e ainda com Matt Smith no elenco, Official Secrets é um peso pesado em antestreia mundial no certame.


 Sweetheart

JD Dillard regressa a Sundance depois de Sleight com uma produção da Blumhouse Productions. 

No filme seguimos Jen (Kiersey Clemons), uma mulher que já sobreviveu a uma provação angustiante. Encalhada e sozinha numa ilha deserta, ela procura por abrigo. A noite cai e tudo se torna mais perigoso. É quando a criatura vem. E quando ela sair da água, vai ter  que se alimentar.


Judy & Punch

A primeira obra de Mirrah Foulkes traz à luz “o medo, a superstição, a insensibilidade e domínio das milícias, onde um flagelo de bruxaria é enfrentado com “dias de lapidação”“.

No filme seguimos Punch (Damon Herriman), um homem que apesar de dizer que é um mestre das marionetas deve muito do seu trabalho a Judy (Mia Wasikowska). Quando durante uma bebedeira acontece um trágico acidente, Punch brutalmente agride Judy, deixando-a a morrer na floresta. Resgatada pelo Doctor Goodtime e por um grupo de párias, Judy fica a planear a vingança.