Sábado, 20 Abril

Arranca a 5ª edição do Porto/Post/Doc, quando o documentário quer ser ouvido.

Se há festival que cresce em Portugal a olhos vistos, esse é o Porto/Post/Doc, que se apresenta na sua 5ª edição com uma programação diversificada e plural que explora os limites do documentário e acima disso, preservando a memória dos feitos de outrora.

Questionado com o sucesso gradual do evento portuense, Daniel Ribas, diretor artístico, confirmou que o “programa é múltiplo, com uma oferta de cinema para os cinéfilos, para os amantes da música, para aqueles que querem pensar os problemas dos dias de hoje, ou simplesmente para aqueles que querem ser surpreendidos.” Com base dessas mesmas surpresas agendadas, a habitual Competição Internacional reserva-nos um lote de variados nomes influentes e em ascensão do universo do documentário e da docuficção, entre os quais o bielorrusso Sergei Lonizta com Donbass (filme que abriu a Certain Regard em Cannes deste ano), o brasileiro Karim Aïnouz com Aeroporto Central (estreado em Berlim) e ainda o português Rodrigo Areias com Hálito Azul. “Acima de tudo, queremos proporcionar uma experiência única, que parece começar a desaparecer: a de ver filmes numa sala de cinema, em conjunto e depois conversar com os realizadores. Ter esta comunidade é o objetivo do festival e para o qual trabalhamos durante todo o ano.”

Trás-dos-Montes

Uma das grandes novidades deste ano, e possivelmente uma das propostas que mais farão salivar os cinéfilos é a retrospetiva integral de António Reis e Margarida Cordeiro, dois nomes cruciais do cinema etnográfico português. Este ciclo contará ainda com uma nova cópia restaurada de Trás-dos-Montes, possivelmente o mais célebre dos seus filmes. Em complemento, decorrerá um painel, “Rever Reis e Cordeiro”, tendo inúmeros convidados do ramo cinematográfico e jornalístico disposto a debater e discutir sobre o cinema da dupla.

Os realizadores Chris Petit e Matías Piñeiro também estarão em foco com uma mostra do fruta das suas respetivas carreiras e ainda coordenação de masterclasses e workshops. Em paralelo, decorrerá um workshop teórico orientado pela investigadora e realizadora britânica Laura Mulvey, no qual focará diversas questões de género no cinema, muitas delas estudadas pela própria há já vários anos.

A educação é um dos principais pilares da estrutura de qualquer festival e Porto/Post/Doc não foge à regra, segundo Daniel Ribas “desde a primeira edição que consideramos decisivo construir um futuro com as novas gerações. Por isso, teremos várias sessões para escolas, assim como programas onde exibimos o resultado de alguns dos nossos workshops (realizados durante o ano).

Terra Franca (Leonor Teles, 2018)

Para o futuro, Ribas promete que o festival deseja “crescer com sustentabilidade, passo a passo”, sendo que o importante neste momento “é fazer uma edição para o nosso público e que esse público se identifique com a nossa programação. Gostamos de ver salas cheias pelo prazer cinéfilo de partilhar filmes de que estimamos muito”. E quanto ao cinema documental, a principal combustão deste evento, afirmou optimistamente que “há futuro porque há novos e velhos cineastas que continuam a acreditar que o cinema é uma arte importante para discutirmos o nosso futuro em comum. O cinema será sempre um meio privilegiado de conhecermos as maravilhas e os desastres do mundo e do ser humano.”

O 5º Porto/Post/Doc – Film & Media Festival acontece entre os dias 24 de novembro a 2 de dezembro no Teatro Municipal do Porto – Rivoli, Cinema Passos Manuel, Cinema Trindade, Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Maus Hábitos e Universidade Católica Portuguesa (Porto).

A programação poderá ser vista aqui.

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