Terça-feira, 19 Março

Era uma vez um cinema… na Coreia do Norte

Hong Kil-Dong (Kil-in Kim, Sang-ok Shin, 1986)

O FEST, que decorre em Espinho entre 18 e 25 de junho, traz, na sua vasta programação, uma proposta inusitada: rever três filmes produzidos na distante e desconhecida Coreia do Norte. Conforme relata o diretor do festival, Fernando Vasquez, a ideia veio de uma aproximação ao tema deste ano, Fronteiras, que foi dar à uma ideia de “fronteiras enigmáticas”. “A maior parte das pessoas não sabe, mas o antigo presidente, Kim Jong-il, considerava-se uma autoridade mundial em cinema e chegou a raptar um produtor e uma atriz sul-coreana para produzir filmes em massa. Houve uma altura em que até era obrigatório ir ao cinema!”, diz.

Embora com um elemento importante de propaganda, as obras permitem conhecer alguns aspetos da cultura cinematográfica e do próprio país. “Os filmes são muito focados em destacar a grandeza do povo norte-coreano, mas é uma ótima oportunidade para as pessoas aperceberem-se de pequenos detalhes, assim como ver como perceber como era fazer filmes em total isolamento”, ressalta. O cinema no país já quase não existe: segundo Vasquez, a indústria, que até era conceituada e tinha professores estrangeiros, foi desmantelada pelo atual presidente, mais interessado em desporto.

O mais importante dos filmes exibidos é Souls Protest (2001), obra que ganhou uma fama de culto internacional por ter recebido o epíteto de “Titanic norte-coreano”. Pode não ser mas, segundo o diretor do FEST, traz um nível de produção que não se esperaria de filme do país. Souls Protest narra o naufrágio de um navio atingido pela marinha norte-americana. Também curioso é Centre Forward (1978), obra sobre a participação da Coreia do Norte no Mundial de futebol de 1966 onde foi, justamente, eliminado pelos muitos golos de Eusébio, que consagrou-se nesse jogo. Por fim, Hong Kil Dong (1986) é uma obra sobre artes marciais dos anos 80, rodada em coprodução com Hong Kong.

 

Notícias