Esta segunda-feira, em Cannes, o director geral do festival, Thierry Fremaux, o chefe da Semana da Crítica, Charles Tesson, e Paolo Moretti, futuro líder da Quinzena dos Realizadores, assinaram uma missiva que promete uma maior igualdade de género e transparência na indústria do Cinema.
Neste caso específico está a promessa dos festivais (Competição e Un Certain Regard), Semana da Crítica e Quinzena dos Diretores) fornecer estatísticas sobre o número de filmes selecionados aos movimentos que defendem a igualdade de género. Para além disso, ficou ainda combinada a entrega por parte dos certames de fornecer a lista de membros nos comités de seleção e programação, a fim de evitar a suspeita sobre a falta de diversidade ou paridade.
A ação foi executada durante uma conferência internacional organizada pela organização 50/50 para 2020 e reuniu feministas e membros de movimentos pró-igualdade, onde se incluem os grupos Time’s Up (EUA e Reino Unido), o Dissenso Comune (Itália) e o IMA (Espanha).
Recorde-se que no passado sábado, 82 figuras da indústria do cinema protestaram numa marcha silenciosa no tapete vermelho no Festival de Cinema de Cannes contra a falta de representação feminina no certame, relembrando-se que nas suas 71 edições, apenas 82 mulheres realizaram filmes presentes em competição (em oposição a 1688 realizadores), apenas 12 vezes o júri foi liderado por uma mulher, e que somente duas realizadoras saíram de lá premiadas (em oposição a 71 homens).
“Todos enfrentamos desafios, mas hoje estamos nestes degraus como símbolo da nossa determinação e compromisso com o progresso. Somos escritoras, somos produtoras, somos diretoras, atrizes, cineastas, agentes de talentos, editores, distribuidoras e todas envolvidas na arte cinematográfica. Estamos aqui hoje em solidariedade com as mulheres de todas as indústrias“, disse Cate Blanchett, que teve em Agnès Varda a leitora do texto reivindicativo na sua versão francesa.