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Veneza: Guillermo Del Toro é ovacionado e sai na frente na disputa pelo Leão de Ouro

Com muita emoção e aplausos, a imprensa recebeu calorosamente nesta quinta (31) o novo filme do cineasta mexicano Guillermo del Toro (O Labirinto do Fauno), The Shape of Water, que sai na frente em busca do cobiçado Leão de Ouro do Festival de Veneza. O filme é impecável: desde a fotografia a trilha sonora, que tem até a luso-brasileira Carmem Miranda, passando pela direção de arte e figurino que usa as cores como forma de expressão de cada personagem. Ao final do visionamento de imprensa, ninguém saiu imune ao realismo fantástico de Del Toro, em sua bela e surpreendente historia de amor.

Mas Del Toro não esta sozinho nos elogios. A atriz Sally Hawkins (desde já favorita a Coppa Volpi de interpretação feminina) se destaca no papel da jovem muda Elisa, que vive em seu próprio mundo, conectando-se apenas com poucas pessoas, como Zelda (Otacvia Spencer, inspirada). O trabalho de limpeza em uma empresa nebulosa leva Elisa a conhecer uma criatura diferente, que irá mudar sua vida. Podemos afirmar, quando menos sabemos do enredo, melhor seremos conquistados pela trama. No elenco ainda brilham nomes como Michael Shannon e Richard Jenkins.

Durante a conferência de imprensa, uma surpresa: Del Toro e sua equipa foram aplaudidos por mais de cinco minutos pelos jornalistas que lotavam a sala de conferência. O facto, que raramente acontece em Veneza, causou visível surpresa ao elenco. E o que fez The Shape of Water conquistar tanta gente? O cineasta respondeu.

O filme se passa em 1962, mas aborda o presente e questões altamente actuais. Ao usar slogans como ‘We’re Big America Again’, estamos nos referindo a essa América cheia de promessas e confiança no futuro, mas ainda profundamente sexista e racista. Quando Kennedy foi morto nos Estados Unidos, Camelot perdeu a inocência. Sou mexicano, então sei o que significa ser visto como o ‘outro’, e essa criatura [do filme]
pode ser divina ou demoníaca, dependendo dos olhos daqueles que a observam
“.

Sobre o Amor como mensagem numa trama repleta de referências politicas, Guillermo Del Toro foi direto. “A fantasia é muito política, mas hoje, quando o medo e o cinismo são usados ​​de forma generalizada, acho que o único meio é acreditar no amor. É difícil falar sobre emoções nesses tempos cínicos, mas os Beatles e Jesus não poderiam estar errados “.

Outro favorito aos prémios em Veneza è First Reformed, de Paul Schrader (sempre lembrando, inclusive na conferência de imprensa, como o argumentista de Taxi Driver). O veterano argumentista e realizador conquistou a critica com uma obra sobre um padre (Ethan Hawke, numa marcante atuação) que envolve-se com questões morais da sua igreja. Hawke já é o favorito à Coppa Volpi de melhor interpretação masculina. Quando era criança, a minha avó sempre me falava que eu deveria me tornar um padre, mas felizmente tornei ator.  Fiquei muito feliz em poder interpretar um homem de fé e achei confortável [no papel].  Também  agrada-me ter entrado em contacto com temas do meu interesse, porque fui criado de forma religiosa“, comentou o ator.

Um dos filmes mais esperados dessa 74 edição do Festival de Veneza irá ser exibido esta noite para a imprensa: o documentário Human Flow, de Ai Weiwei, enquanto sua estreia mundial acontecerá amanhã, para convidados e público em geral.