Sexta-feira, 29 Março

#Fora Temer, Doclisboa continua atual na sua 14ª edição

O Doclisboa divulgou a programação completa da sua 14ª edição, que decorrerá entre os dias 20 a 30 de outubro no Culturgest, Cinema São Jorge e Cinemateca-Portuguesa Museu do Cinema. Como é habitual, o festival continua a demonstrar uma tamanha atualidade para com as suas temáticas e ciclos. A mostra deste ano abunda de abordagens emergentes e perspetivas aos conflitos sociais que enchem as manchetes dos telejornais ou, apropriando aos tempos que decorrem, das nossas redes sociais.

É sob esse contexto que nos surge a especial sessão #Fora Temer, inserido na “tradicional” rubrica Riscos. Neste espaço, o Doclisboa irá funcionar mais do que uma simples mostragem de documentários, e sim, num registo visual a um tema que parece suscitar debates nos mais diversos recantos do nosso quotidiano. Mais do que um mero testemunho à destituição de Dilma Rousseff e todos os eventos que por aí desencadearam, #Fora Temer apresenta-nos uma perspetiva da crescente onda de Mídia Ninja que se proliferou via internet no “calor do conflito politico e social“. A sessão será seguida por um debate com Pablo Capilé, um das figuras mais relevantes do grupo.
Continuando com a sessão Riscos (que neste ano não contará com a participação do sociólogo e crítico Augusto Seabra), o Doclisboa planeia homenagear o documentarista e experimentalista Peter Hutton, conhecido como o realizador de Three Landscapes, que nos deixou no passado mês de junho em consequência de uma cancro que combatia há anos. Outra ramificação deste espaço é o conjunto “Filmes de Correspondências – Missivas, Distâncias, Deslocações“, uma mostra que consolida a correspondência ou o testemunho das palavras e imagens como um “parcial mapa das formas poéticas (e políticas) em que alguns filmes renovam a tradição epistolar no cinema.
Doclisboa continua com as suas habituais secções competitivas, Internacional (contando com  a nova obra de Rita Azevedo Gomes, Correspondências) e Nacional (André Marques, Cláudia Vareijão e Edgar Pêra são alguns dos nomes que competem pelo Prémio), assim como o bem-sucedido Heart Beat, que continua a focar em documentários sobre música e até mesmo artes performativas.  Nesta última secção, destaque para David Lynch em The Art of Life, e os tributos a Sidney Lumet  em By Sidney Lumet, de Nancy Buirski, e ao cantor e músico David Bowie em Bowie, Man with a Hundred Faces or The Phantom of Herouville, de Gaëtan Chataigner.
Todavia, as surpresas não se ficam por aqui, a grande novidade é Da Terra à Lua, uma clara homenagem a Julio Verne que serve como título a uma nova secção que a diretora do festival, Cíntia Gil, apelidou de “cápsula do tempo“. Da Terra à Lua consistirá numa espécie de “best of” de realizadores que passaram pelo Doclisboa ou que são hoje exemplos incontornáveis do cinema documental. Nesta mostra é previsível encontrar os nomes de Wang Bing, Rithy Panh, Sergei Loznitsa, Michael Palm, Werner Herzog e as portuguesas Teresa Villaverde e Catarina Alves Costa.
A juntar à programação, uma retrospetiva de Peter Watkins, um dos pioneiros da docuficção (ou docudrama, como quiserem apelidar), que terá lugar na Cinemateca-Portuguesa Museu do Cinema. Por fim, e não menos importante, uma retrospetiva de documentários e do cinema de vanguarda de Cuba, parte da herança histórica resumida numa importante coleção de filmes, documentos e claro, documentários.
A 14ª edição do Doclisboa – Festival Internacional de Cinema terá como filme de abertura Oleg y las Raras Artes, de Andrés Duque, sobre o compositor russo Oleg Karavaichuk, o único pianista com permissão para tocar no piano do Czar Nicolau II, a ser exibido no Grande Auditório da Culturgest. Como encerramento, as honras será dadas a Nos Interstícios da Realidade ou o Cinema de António de Macedo, a primeira obra de João Monteiro, que curiosidade é um dos diretores do MOTELx: Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, sobre um dos poucos realizadores de fantástico de Portugal.
Ver toda a programação do festival, aqui

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