Sábado, 20 Abril

Festival de Sundance: 21 filmes para manter debaixo de olho

 

Arranca hoje o Festival de Sundance (21-31 de janeiro), o maior evento de cinema independente nos Estados Unidos e um espaço onde são lançadas algumas das obras que darão mais que falar em 2016.

Por ocasião do início do certame, o c7nema decidiu fazer uma lista dos 21 filmes que vamos manter debaixo de olho.  

Agnus Dei

Há muito que Anne Fontaine, a cineasta por trás de filmes como Nathalie (2003) e Coco Avant Chanel (2009), é conhecida pelas suas obras sobre mulheres que atravessam caminhos proibidos. Paixões Proibidas deu que falar em 2013 e este Agnus Dei, a sua 14ª longa-metragem, deverá seguir o mesmo caminho. Baseado na verdadeira história de Madeleine Pauliac, no filme acompanhamos uma jovem médica enviada para a fronteira entre a Alemanha e a Polónia e que descobre que muitas das freiras de um convento perto do hospital onde trabalha foram violadas por soldados russos. Lou de Laâge (Jappeloup), Vincent Macaigne (A Rapariga de 14 de Julho), Agata Buzek (Redenção), Joanna Kulig (Elas) e Agata Kulesza (Ida) fazem parte do elenco.

Ali and Nino

Depois do premiado Amy, Asif Kapadia regressa a Sundance com esta adaptação ao cinema de Ali e Nino – Uma História de Amor, uma obra lançada em 1937 sob a assinatura de Kurban Said – um pseudónimo, estando ainda em disputa quem realmente está por trás deste nome. Este é um duplo regresso do cineasta, não só porque retorna a um festival que já premiou (por Senna), mas porque é um trabalho de ficção, algo que o realizador não fazia desde Norte Hostil (2007). Esperemos é que o filme tenha mais reconhecimento como O Guerreiro (2001) e menos que esse ‘(des) Norte’. Ainda para mais este é um filme com uma narrativa que evoca a conflitualidade entre Este e Oeste, cristãos e muçulmanos, modernidade e tradição, masculino e feminino.

Belgica

Os belgas Soulwax executam a banda-sonora deste Belgica, o novo filme de Felix Van Groeningen, o realizador de Broken Circle Breakdown (Círculo Interrompido). Baseado na própria experiência de vida do pai do cineasta, Jo Van Groeningen, o qual geriu um espaço de concertos e um pub em Gante, Belgica conta com Stef Aerts e Tom Vermeir como dois irmãos que, apesar de não terem nada em comum, abrem um bar que começa a ter bastante fama. Apesar do sucesso, o duo terá de enfrentar diversos problemas inerentes à gestão de um negócio familiar, passando-se rapidamente da relação de irmandade à rivalidade.

Certain Women

Kelly Reichardt, a responsável por obras como Wendy & Lucy (2008), O Atalho (2010) e Night Moves (2013), volta mais uma vez a Sundance e desta vez leva consigo três estrelas do cinema: Kristen Stewart, Michelle Williams e Laura Dern. O filme, adaptado a partir de contos escritos por Maile Meloy, acompanha a vida de três mulheres numa pequena cidade do Montana. Todd Haynes é aqui produtor, sendo este um dos filmes com maior “buzz” do certame.

Christine

Um novo filme de António Campos (Depois das Aulas, Simon Killer) e de qualquer produção da Borderline é sempre razão para ligarmos os sensores, ainda para mais tratando-se de uma fita que aborda a verdadeira história de Christine Chubbuck, uma repórter da Florida que se suicidou em direto, proferindo imediatamente antes as palavras: “De forma a manter a política do Canal 40 em trazer ao público as últimas sobre sangue e tripas, e a cores, vocês vão  ver agora mais uma novidade: uma tentativa de suicidio”. Nisto, Christine pegou num revólver, deu um tiro na cabeça e caiu violentamente.

 

Holly Hell

Se há documentário que fascina na programação do certame é Holly Hell, nem que seja pelo conceito e por esta ter sido a única vez que um filme foi anunciado com o nome do realizador em segredo. Entretanto, já se sabe que é Will Allen – um homem que viveu durante duas décadas dentro de um culto liderado por um guru carismático em West Hollywood, filmando todo o processo. Caso não seja apenas um golpe publicitário ou um mero truque circense ao estilo O Projeto de Blair Witch – onde até a IMDB deu os atores como falecidos no seu site – Holly Hell tem potencial para ser uma espécie de Boyhood documental dentro de uma comunidade espiritual fechada a sete chaves. 

Hunt For The Wilderpeople

Taika Waititi pode agora ser bastante conhecido devido a ir filmar Thor: Ragnarok, mas a relação deste cineasta neozelandês com o Festival de Sundance vem de há mais de uma década. Premiado em 2005 pela curta Tama tu (que também fez furor em Berlim), Waititi também fez sucesso no festival norte-americano com Eagle vs Shark (2007) e Boy (2010). Depois do seu O Que Fazemos nas Sombras (2014), Waititi regressa a Park City com um filme que se apresenta como um misto de comédia em forma de “Road Trip” e um drama “coming-of-age”.

Jacqueline

Se os falsos documentários parecem ter perdido o dom de surpreender, talvez esta fita sobre um cineasta  que viaja até a Argentina para entrevistar uma jovem francesa que diz ter conhecimento de uma conspiração mundial, possa revitalizar o conceito. Atrás das câmaras está o brasileiro-argentino Bernardo Britto, enquanto no protagonismo encontramos Wyatt Cenac e Camille Rutherford.

Love and Friendship

Um Whit Stillman é sempre um Whit Stillman e, por isso, esta adaptação ao cinema de Lady Susan, uma obra de Jane Austen que se desenrola em 1790, é mesmo um dos pontos mais atrativos do certame. E não esquecer que Kate Beckinsale e Chloë Sevigny, que já tinham trabalhado com o cineasta em As Noites Loucas do Disco (1998), lideram o elenco de uma obra onde andamos de mãos dadas com a bela viúva Lady Susan Vernon, a qual vai viver com os sogros para afastar rumores de algumas aventuras e flirts. Enquanto ela reside com eles, decide arranjar um novo marido, não só para ela, mas também para a sua filha, Frederica.

Sonita

Coprodução iraniana-suiça assinada pela realizadora Rokhsareh Ghaem Maghami (Going Up the Stairs). O foco deste documentário – que estreou no Festival do Documentário de Amesterdão – é Sonita, uma emigrante ilegal afegã com 18 anos que vive nos subúrbios pobres de Teerão e que luta contra os diversos obstáculos que tem pelo caminho, como ser uma artista num país que a proíbe de cantar, ou de lidar com uma família conservadora – que até a quer vender para um matrimónio forçado. Maghami acaba envolvida pessoalmente nesta história, reacendendo a discussão sobre como os documentaristas devem relacionar-se com os seus temas.

Southside With You

Antes de se tornarem o presidente dos EUA e a primeira-dama, Barack Obama e Michelle Robinson foram colegas num escritório de advocacia em Chicago. Nesta obra de ficção, Tika Sumpter e Parker Sawyers levam-nos novamente à década de 1980 para vermos o jovem Barack iniciar o cortejo à sua futura esposa. Richard Tanne estreia-se aqui na realização.

Swiss Army Man

Paul Dano é um daqueles atores que está sempre presente num projeto no Festival de Sundance e desta vez faz amizade com um homem morto (Daniel Radcliffe). Isto numa história que parece um cruzamento bizarro entre Fim de Semana com Um morto e O Náufrago. Na realização encontramos Daniel Scheinert e Daniel Kwan, os quais até ganharam o prémio de melhor realização nos MTV Video Music Awards em 2014.

Tallulah

A Netflix anda a irritar alguns distribuidores tradicionais e não teve problemas em adquirir (por 5 milhões de dólares) este Tallulah ainda antes do filme estrear no Festival. Sian Heder (argumentista de alguns episódios de Orange Is the New Black) é a realizadora desta fita, a qual segue uma jovem que toda a gente pensa que raptou um bebé, mas que na verdade apenas o salvou de uma mãe irresponsável. Duas das atrizes mais amadas do festival, Ellen Page e Allison Janney, fazem parte desta jornada.

The Birth Of A Nation

Pegar no título do filme de D.W. Griffith, que chegou a ser uma ferramenta de recrutamento do Ku Klux Klan nos anos 70, e criar uma produção sobre um negro que liderou a maior rebelião de escravos da história da América, é mais do que suficiente para nos chamar a atenção. Realizado por Nate Parker, que também desempenha o papel principal, The Birth of a Nation conta ainda no elenco com Armie Hammer, Gabrielle Union, Penelope Ann Miller e Jackie Earle Haley.

The Eyes Of My Mother

Mais um projeto da Borderline, empresa que junta aos nomes de Antonio Campos, Sean Durkin e Josh Mond, o veterano realizador de videoclipes Nicholas Pesce. Filmado a preto e branco e com apenas 66 minutos, o filme acompanha uma família portuguesa que vive numa zona rural e que é visitada por um misterioso visitante. A protagonizar a fita temos a atriz portuguesa Kika Magalhães, cuja personagem cresce sozinha depois da tragédia se abater sobre a família. 

The Fundamentals Of Caring

The Fundamentals Of Caring foi outro dos filmes adquiridos pela Netflix antes do Festival de Sundance começar. Protagonizado por Paul Rudd, Craig Roberts e Selena Gomez, no filme seguimos um homem (Rudd) que após uma tragédia se transforma num cuidador de pessoas com necessidades especiais. O seu primeiro cliente é um rapaz de 18 anos (Roberts) com distrofia muscular. Os dois eventualmente metem-se à estrada numa aventura onde se vão cruzar com alguma personagens curiosas, estando entre elas uma jovem (Gomez).

The Lure

O que dizer de The Lure, uma estranha adaptação da obra de Hans Christian Andersen. No filme da polaca Agnieszka Smoczynska seguimos duas irmãs sereias, com fome de amor e de carne, que assumem uma forma humana e vão trabalhar num clube de striptease em Varsóvia. Quando uma delas se apaixona, atrai o perigo para as duas. E tudo isto com muitos momentos musicais. Precisam de mais razões para querer ver este filme?

Under The Shadow

Um filme iraniano de terror não é algo que se encontre todos dias, por isso este Under The Shadow ficou  no nosso radar. Ainda por mais devido ao enredo, que nos leva a um período da guerra entre o Irão e o Iraque (1980-1988). Passado em Teerão, o filme segue uma mãe que permanece na sua casa com a filha apesar da vizinhança ter partido devido à guerra. As coisas complicam-se quando a mulher crê que um míssil, que não explodiu, transportava espíritos malignos que entretanto possuíram a filha.

Wiener-Dog

Quase 21 anos depois de Welcome to the Dollhouse (1995), Todd Solondz revisita Dawn Wiener neste Wiener-Dog. E embora não estejamos a falar de uma sequela per se, o  projeto apresenta uma versão mais velha de Dawn, que será interpretada agora por Greta Gerwig (no original, Heather Matarazzo assumia esse papel). Julie Delpy, Danny DeVito, Ellen Burstyn e Kieran Culkin também fazem parte do elenco.

White Girl

Elizabeth Wood escreveu e realizou esta obra com alguns elementos biográficos sobre uma estudante que se apaixona por um traficante de droga. Quando este é preso, ela fica com todo o produto por sua conta. Ariel Schuman e Henry Joost, de Catfish, são aqui produtores deste filme protagonizado pela atriz da série Homeland, Morgan Saylor. Este é um trabalho que promete ser provocante e que segundo a Indiewire é reminiscente do cinema de Sofia Coppola, Todd Solondz e Larry Clark.

Wild

Nicolette Krebitz leva à competição mundial a história de uma jovem (Lilith Stangenberg) cuja vida sofre uma reviravolta após o encontro com um lobo selvagem nos limites da sua cidade. Se esta premissa básica não é de todo atraente, as primeiras imagens que nos chegaram revelam que esse encontro vai conduzir a uma obsessão e a um despertar da sexualidade da jovem, que começa a libertar “o animal” que há dentro de si, atraindo e afastando todos os que atravessam no seu caminho.

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