Sexta-feira, 29 Março

“Eu não atiro bombas, faço filmes”. O DocLisboa apresenta a sua programação

Um mês antes da sua abertura e coincidindo com a semana de eleições, foi apresentado o programa para a nova edição do Doclisboa. Dedicado ao cinema documental, o festival tenta também definir-se como um espaço político, onde se pode refletir não só sobre o meio cinematográfico e este género em particular, mas também sobre alguns dos conceitos que se propagam na produção cultural mainstream. Para isso, a direcção do festival decidiu este ano dedicar-se a um realizador pouco conhecido no nosso país – Želimir Žilnik (foto acima) – em conjunto com a Cinemateca, ao terrorismo no cinema e à questão da Grécia, para além de todas as secções que costumam constituí-lo que se mantêm com poucas diferenças (organizativas, entenda-se).

Želimir Žilnik é um realizador que nasceu na antiga Jugoslávia, que trabalha desde o final dos anos 60 e que acompanhou todas as transformações geo-políticas da região de uma forma investida e abertamente política, sendo conhecido pelo seu Black Film Manifesto. A retrospectiva será realizada em colaboração com e exclusivamente na Cinemateca. Praticamente desconhecido em Portugal, esta é uma oportunidade única de ficar a conhecer a obra deste realizador.

I don’t throw bombs, I make films” – Terrorismo e Representação é a retrospectiva organizada em torno destes dois conceitos e pretende reflectir sobre a relação destes com o cinema e o papel que este poderá desempenhar neles. Como seria de esperar, muitos dos filmes apresentados serão da época mais conturbada dos anos 70, em que o terrorismo como forma mais extrema de alguns movimentos políticos se manifestou com mais vigor. Ainda assim, para além dos esperados Harun Farocki, Holger Meins, Rainer Fassbinder, Masao Adachi e Kôji Wakamatsu, podem ver-se também filmes de outros realizadores e mais recentes.

Com 236 filmes, uma exposição no Museu da Electricidade (ligada à secção “Passagens”), debates, masterclasses e outras atividades paralelas, o Doclisboa irá ocupar Lisboa no final de Outubro transformando-a e criando espaços de resistência e reflexão abertos a todos. O programa pode ser já consultado no site do festival e os bilhetes poderão ser comprados desde dia 2 (na Culturgest).

 

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