Quinta-feira, 28 Março

San Sebastián 2015: o rescaldo final

E a Concha de Ouro para o melhor filme da 63ª edição, como já divulgado, foi para Sparrows, do cineasta islandês de 38 anos Rúnar Rúnarsson, convencendo o júri liderado pela atriz Paprica Steen.

Apesar de não termos seguido a competição com mais atenção, dispersos que estivemos pelas várias e saborosas propostas nas secções alternativas, tivemos oportunidade de ver esta brava segunda longa do cineasta que descobriu o cinema através dos mestres russos. Algo que se vê no total domínio narrativo dominado por um crescendo de emoção que eclode numa explosão de sentimentos. Aliás, tal como sucedera nas suas anteriores curtas e na sua estreia em grande formato, com Vulcão, onde concorreu para a Câmara de Ouro em Cannes em 2011.

A ação decorre no noroeste da Islândia durante o solstício de verão, altura em que tradicionalmente ocorre uma explosão de energia, ampliada pela luz constante, como nos confessou Rúnarsson na nossa entrevista. É aí que um jovem de 16 anos irá aprender muito sobre a vida, a aceitar um pai ausente e irresponsável, bem como a descobrir o desflorar do amor e do sexo de uma forma inesperada.

O outro grande vencedor foi Evolution (foto acima), de Lucile Hadzihalilovics, uma co-produção entre franco-hispano-belga, vencendo o prémio do júri, bem como o prémio de fotografia. Já Joachim Lafosse arrebatou o prémio de Melhor Realizador para The White Knights (foto abaixo), subordinado ao tema da adoção de órfãos africanos.

O galardão da interpretação masculina foi justamente dividido a meias por Ricardo Darin e Javier Camara pelos papéis arrebatadores em Truman, de Cesc Gay; por seu turno, Yordanka Ariosa reclamou o prémio feminino pelo papel em The King of Havana. O prémio do melhor guião foi para o trabalho de Jean-Marie Larrieu e Arnaud Larrieu por 21 Nights With Pattie.

É assim. Acabaram-se as fitas, as cañas e os pintxos ou montaditos, bem como os copitos de chaculi (o vinho da região) a dividir as refeições entre as sessões contínuas de cinema. É assim San Sebastian, um certame que renova os prazeres com os quais gostamos de encerrar o verão e abrir a rentrée do outono. Vimos grandes filmes, muitos dos que irão motivar o interesse ao longo do ano. Hasta 2016, com San Sebastián capital europeia da cultura!

Paulo Portugal, em San Sebastian

 

 

 

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