Terça-feira, 23 Abril

Arranca hoje (24/04) o IndieLisboa

Começa hoje, 24 de Abril, mais uma edição do IndieLisboa. Tendo celebrado o seu 10º aniversário o ano passado, o festival conseguiu já estabelecer-se como um dos maiores que ocorre na capital e como um ponto de passagem no circuito de festivais de cinema independente. A maturidade sentida terá assim de, segundo a sua organização, refletir-se na sua programação.

Com o começo do festival a coincidir com os 40 anos da revolução do 25 de Abril, teria obrigatoriamente de existir uma secção dedicada a esta. Os três filmes que a constituem procuram, de formas diferentes, refletir sobre este período da História portuguesa e sobre as transformações que trouxe à nossa sociedade. Les grandes ondes (à l’Ouest) é uma comédia, co-produzida com a Suíça e a França, que imagina uma equipa de reportagem de televisão que chega a Portugal na véspera da Revolução. Mudar de Vida é um filme que demorou mais de sete anos para fazer e que acabou por ser só possível recorrendo ao crowdfunding, sobre a vida de José Mário Branco. Outra Forma de Luta é um documentário feito pela recente produtora Três Vinténs onde Carlos Antunes discute o seu papel na criação de Brigadas Revolucionárias contra a ditadura, respondendo a 13 questões colocadas pelo seu amigo Nuno Bragança, escritor que já tinha sido alvo de um documentário (“U Omãi Qe Dava Pulus”) pelo mesmo realizador deste, João Pinto Nogueira.

A Competição internacional tem vários títulos que já deram que falar noutros festivais: Amor, Plástico e Barulho, filme premiado em Brasília, Les Apaches, que fez parte da competição de Cannes, Belleville Baby, Historia del miedo e Los Ángeles que estiveram na Berlinale, Je m’appelle Hmmm... em Veneza, Mambo Cool em Marselha, Matar a un Hombre e Stand Clear of the Closing Doors em Sundance, Moutons em Locarno e Quand je serai dictateur em Roterdão; revelando a solidez do festival e da sua seleção.


Matar a un Hombre

A competição nacional mostra que a produção nacional agoniza com a falta dos fundos do ICA e é constituída apenas por 4 longas. Sérgio Tréfaut volta de novo ao documentário, desta vez com Alentejo, Alentejo, dedicado ao Cante, que se candidatou em 2013 a Património Imaterial da Humanidade da Unesco, esperando-se o resultado em Dezembro deste ano. O trailer do que parece ser um filme muito interessante pode ser visto aqui. Em O Novo Testamento de Jesus Cristo Segundo João, o novo filme de Joaquim Pinto (que ganhou o Grande Prémio Cidade de Lisboa no doclisboa do ano passado) em conjunto com Nuno Leonel, com quem já tinha trabalhado antes, vemos a leitura por Luís Miguel Cintra de um evangelho traduzido para português no séc. XVIII. Revolução Industrial, de Tiago Hespanha (um dos fundadores da produtora Terratreme) e Frederico Lobo, é um olhar sobre os vestígios da dita no vale do Rio Ave. Tales on Blindness é o novo filme de Cláudia Alves, que já tinha aparecido há dois anos no doclisboa com Sobre Viver [ler crítica], que desta vez nos traz um documentário sobre a presença portuguesa na Índia.

Mas nem só de competições se faz um festival e o indie tem várias secções, incluindo o IndieJúnior, que faz 10 anos, com uma longa, Vandal, de Hélier Cisterne, onde um jovem de 15 anos descobre a vida nocturna dos graffers de Estrasburgo, e várias sessões de curtas. Outra secção é o IndieMusic, com filmes dedicados a concertos ou artistas, onde poderemos ver o último de Alex Gibney (que ainda o ano passado nos trouxe A Mentira de Armstrong [ler crítica], Finding Fela!, sobre a vida de Fela Kuti, um dos grandes nomes do Afrobeat e um ativista político.


Finding Fela!

Herói Independente, uma secção que tinha desaparecido nos dois últimos anos, volta nesta edição e é dedicada a Claire Simon, uma realizadora que trabalha em França e da qual serão apresentadas seis longas-metragens, incluindo um par de filmes realizados o ano passado, uma ficção e um documentário: Gare du Nord e Géographie humaine. A secção Observatório está cheia de filmes de nomes conhecidos como Catherine Breillat (Romance, À ma Soeur! e Anatomie de l’Enfer), Xavier Dolan (Les Amours Imaginaires), Johnnie To (Drug War, Blind Detective), Werner Herzog (Fitzcarraldo, Aguirre, Grizzly Man e Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans), Hong Sang-Soo (Noutro País) ou Hitoshi Matsumoto (que nos apresentou o hilariante Shinboru na edição de 2010 deste festival).

Na secção Pulsar do Mundo, dedicada a documentários, podemos encontrar também vários nomes já conhecidos, como Denis Côté, que ainda recentemente esteve nas nossas salas com Vic + Flo viram um urso.

Para além de todos estes filmes, haverá, como sempre, actividades paralelas, que incluem exposições, seminários, debates e o IndiebyNight, tudo a descobrir no período em que decorre o festival. O programa completo pode ser consultado em http://indielisboa.com.

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