Terça-feira, 19 Março

Nuno Casanovas: “O Jorge Cramez dá-nos muita liberdade”

No filme Amor Amor – já em exibição nos cinemas – o jovem Nuno Casanovas é Carlos, o namorado de Lígia (Margarida Vila-Nova), mas está apaixonado por Marta (Ana Moreira) e é melhor amigo de Jorge (Jaime Freitas), o companheiro dela.

Falamos com o ator, conhecido na TV por trabalhos como Rainha das Flores, e no Cinema por filmes como Os Maias, que nos contou como abordou a sua personagem fatalista, como trabalhou com Jorge Cramez e com os restantes atores, e que projetos tem na sua agenda. 

Como preparaste a personagem do Carlos e que influências – se é que as houve – tiveste para esse papel?

Bem, primeiro de tudo falei com o Jorge [Cramez]. Depois li o guião e falei novamente com o Jorge. (risos).

Posteriormente, sentei-me, já com as ideias todas definidas, e pus-me a ver o que é que eu tinha parecido com o Carlos e o que é que eu não tinha. Depois disso, trabalhei principalmente nas coisas em que não sou nada parecido com o Carlos, que é uma pessoa com muito pouca iniciativa, que já aceitou o fatalismo da vida. Eu sou exatamente o contrário da minha personagem, sou uma pessoa otimista. Essa foi a parte complicada.

Depois de definir isso, foi juntar essa parte com aquilo que é parecido comigo e encontrar assim esta personagem que é o Carlos. 

Então, em termos de guião, ele era maleável? Podiam dizer, ‘eu acho que isto devia ser assim’…?

Em termos de texto nós tínhamos bastante liberdade para mudar algumas coisas, aliás, acontecia muitas vezes quando íamos filmar a cena, o Jorge e as personagens presentes liam a cena e definirmos como ela ia ser e aí é que viamos o que é que funcionava e o que é que não funcionava. E muitas vezes, na maior parte das vezes, mudamos a cena, em termos de texto, em termos de ordem, para definir os “beats” que iam aparecer ou não. Por isso, houve bastante flexibilidade.


Nuno Casanovas e Margarida Vila-Nova

E dentro destas personagens todas – dá a sensação que cada uma delas representa alguém na sociedade, num grupo de amigos – qual é aquela com que te identificas mais em termos de vida?

Com a personagem interpretada pela Margarida. Definitivamente. Porque ela, sim, tem um grande otimismo pela vida e é uma pessoa que não se deixa abater pelas adversidades. Procura sempre o lado bom, concentra-se nele e trabalha para que esse lado transforme todas as pessoas que estão à sua volta. 

Como é que foi trabalhar com o Jorge. Correu tudo bem? É para continuar?

Correu tudo bem. Eu já tinha trabalhado com o Jorge, mas não como realizador. Trabalhei nos Maias e ele era anotador. Foi aí que nós nos conhecemos pela primeira vez. No início fiquei um bocadinho preso, porque ele dá-nos muita liberdade e isso para um ator é muito bom e muito mau, pois sentimos que o chão está a cair. Não sabemos bem como a coisa está a correr, mas aí é que entra a parte da confiança.

O Jorge nunca nos dizia exatamente o que sentir, ele via a cena no seu todo. E isso era bom, porque eu trabalhei muito com a Margarida, e principalmente com o Jaime [Freitas], que é com quem eu contraceno mais, e nós chegavamos a este consenso: como é que as personagens funcionariam? Como é que isso ia ser transmitido na cena?

Depois, quando o Jorge entrava em ação, aí nós decidíamos como é que a cena iria funcionar, quer tecnicamente, quer em termos de narrativa. 

Mas tu tinhas muita liberdade?

Sim, tinhamos bastante liberdade, o que também traz responsabilidade. 

Claro, até porque muitas vezes saem coisas de ti que nem sabias que tinhas…

Sim e houve muitas coisas improvisadas na altura que acabaram por ficar… 

Quais são as tuas expetativas em relação ao público, no que toca a este filme?

Para mim, um factor bastante incomum e que pode trazer mais curiosidade é o facto de tudo se passar num tão curto espaço de tempo. Passa-se em 24 horas e na passagem de ano. Ou seja, isto são tudo situações que já vêm de trás. Quando o filme arranca, estas situações já estão presentes na vida das personagens. O que acontece é que a “bolha” rebenta nesse dia e é por isso que o filme passa-se nesse período. Espero que isso desperte curiosidade nos espectadores e que seja um dos factores porque vão ver o filme.


Jaime Freitas e Nuno Casanovas

Tens novos projetos em que estás a trabalhar?

Acabei agora uma série para a RTP, Três Mulheres, e – por acaso – quando sair daqui vou a uma reunião ver se arranca outro projeto.

 

Preferes Cinema ou Televisão?

Cinema. Bem, depende. Por exemplo, a RTP – e não só ela –  está a fazer projetos mais inovadores no que toca a televisão. Já não é aquela coisa tão clássica como era antigamente. Estamos a trabalhar mais na técnica para que saiam mais projetos cinematográficos, e a série que acabei de fazer foi filmada à Cinema. Praticamente toda a equipa vinha do Cinema. Gosto desta mentalidade que está a mudar em Portugal.

Se calhar a Netflix já começava a fazer umas séries portuguesas…

Já deviam vir para cá, não? (risos) Já merecíamos…(risos)

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