Sexta-feira, 29 Março

5 perguntas a Simeon Halligan, o realizador de «White Settlers»

O guião já tinha alguns anos mas quando White Settlers foi lançado no Reino Unido, paralelamente discutia-se a independência da Escócia. Este novo filme do realizador de Splintered foi sensação em Sitges e no Screamfest Los Angeles e nele é relatada a primeira noite de Ed e Sarah na sua nova casa de campo isolada na região fronteiriça com a Escócia. Serão eles verdadeiramente bem-vindos num local cada vez mais invadido por ingleses citadinos que aproveitando-se do facto de os «pobres locais» não conseguirem manter as suas propriedades, compram os terrenos e se instalam aí? Seria este um pequeno filme que na verdade tocava num ponto extremamente sensível num momento em que se preparava o referendo para a independência escocesa?

O c7nema teve a oportunidade de ter uma pequena conversa com Simeon Halligan, um cineasta britânico que não tem problemas em dizer que foi a imprensa que associou o filme à questão territorial e que este é mais um filme sobre a diferença entre os que «têm [dinheiro] e os que não têm».

Antes de mais, como surgiu a ideia para White Settlers?

O guião original de White Settlers foi escrito pelo Ian Fenton, um argumentista escocês que agora vive a sul da fronteira. Eu e a Rachel, a produtora, estávamos conscientes da existência o guião já há um par de anos e tentámos convencer o Ian a fazer o filme, até que conseguimos! Durante um tempo ele quis ser o realizaor, mas quando lhe mostramos que conseguíamos aumentar o pequeno orçamento que a obra tinha e realmente conseguir filmá-la, ele aceitou. Inicialmente o Ian foi inspirado por filmes como o Deliverance (Fim-de-Semana Alucinante) e Southern Comfort (Estado de Guerra), embora o White Settlers seja muito mais contido já que se centra na questão de ingleses ricos que compram propriedades na fronteira escocesa, as quais os locais já não conseguem manter.

Em última análise, o filme desenrola-se como uma obra de invasão domiciliária, sem que os protagonistas entendam a infelicidade que criaram à comunidade local com a sua chegada.


Pollyanna McIntosh em White Settlers

Havia alguma mensagem política relativamente à votação para a independência da Escócia ou a intenção era fazer simplesmente um filme de horror divertido?

O filme e o argumento sempre tiveram nas entrelinhas um contexto politico ainda antes de se poder associar à questão do voto pela independência da Escócia. Mas na verdade era menos uma questão territorial e mais do que «temos e o que não temos», sobre o aumento do valor das propriedades e o aumento de citadinos a comprar propriedades rurais que as pobres famílias locais não conseguiam continuar a manter. Inicialmente foi a imprensa escocesa que fez a ligação ao referendo, mas até percebemos que não foi uma ligação nefasta e até serviu para divulgar a obra.

Tendo em conta que no seu filme anterior, Splintered, temos uma “road trip” ao Pais de Gales que corre mal, acha que as viagens ao interior são perigosas ou apenas são uma boa base para um filme de terror?

Bem, espero que o meu próximo filme de terror se desenrole num cenário urbano! Na verdade, para os moradores da cidade parece haver algo inerentemente assustador com o interior da Grã-Bretanha e talvez até exista alguma espécie de distanciamento inconsciente derivado a um passado misterioso e pagão que é mais evidente nas zonas rurais: algo que enerva os citadinos. Mas na realidade suspeito que as ameaças e o perigo estão em todo o lado e as cidades são provavelmente mais perigosas. No campo, a ameaça psíquica é mais evidente.

Como foi passar das curtas metragens para as longas?

Demorou muito tempo até eu conseguir que a minha primeira longa-metragem saísse o papel. [White Settlers é a sua segunda longa metragem). Principalmente, resume-se a financiamento, o que é um trabalho muito difícil de conseguir. Já do ponto de vista do realizador, é também um grande salto passar das curtas para as longas. É certamente um teste de endurance e a grande batalha é tentar fazer tudo o que está agendado a horas. Suspeito que todos os cineastas gostariam de ter mais tempo para filmar, mas as filmagens de White Settlers estavam programadas para apenas 18 dias e realmente foi um contra-relógio.

Vai estar presente no Fantasporto. Conhece o Porto e o festival? O que espera dele?

Tenho conhecimento do festival há alguns anos, mas na realidade não sei nada sobre o Porto. O festival tem uma grande reputação no mundo do cinema de género e por isso sinto-me honrado em estar presente. Também estou ansioso em descobrir uma nova cidade. Deve ser muito emocionante!

Data de Exibição no Fantasporto

Sábado, 28 de fevereiro,15h30, Grande Auditório do Rivoli

Notícias