Segunda-feira, 6 Maio

«How to Train Your Dragon 2» (Como Treinar o Teu Dragão 2) por Hugo Gomes

 

Cinco anos passaram desde que Hiccup, o mais “desajeitado” dos vikings, convenceu o seu povo e os dragões a forjar tréguas e a viverem em comunidade. Sempre montado no seu fiel dragão, Desdentado, o nosso herói parte em busca de terras desconhecidas e novas espécies de criaturas aladas que tanto adora. Porém, a responsabilidade persegue-o, pois Hiccup, contra a sua vontade, encontra-se prestes a tornar-se no novo chefe do seu vilarejo.

A Dreamworks a ser a Dreamworks e a apostar em mais uma sequela de um dos seus êxitos. Desta vez a “vitima” é Como Treinar o Teu Dragão, aquele que fora considerado o mais “Disney” dos trabalhos animados do estúdio, tudo porque deixa de lado as referências satíricas e imensas da cultura pop dos seus antecessores e aposta numa narrativa clássica e preservadora dos bons valores familiares. Neste novo filme, a exuberância técnica é conservada, aliás, superada, tendo o espectador ao nosso dispor a mais arrebatadora das animações dos últimos anos em termos gráficos e sonoros. É difícil não ficar deslumbrado com este profissional trabalho visual e a sua afinidade como a sonoplastia.

Para além disso, não é apenas em valores técnicos que Como Treinar o Teu Dragão 2 supera a sua prequela. Existe no filme de Dean DeBlois uma vontade de amadurecer as suas personagens, de complementá-las e guiá-las para territórios mais obscuros e, com isso, adultos. Por outro lado, desliga-se de grande parte do seu humor e de sidekicks de tal natureza (apesar destes estarem presentes como forma de aclamar o seu lugar no imaginário infantil) e firma-se como um produto que em termos emocionais é capaz de rivalizar com a Disney mais afinada. Mas o melhor de tudo é que aqui não se sente a preocupação frenética e evidente de criar produtos de merchandising.

Como Treinar o Teu Dragão 2 é sim uma obra que marcará o coração dos mais novos, invocando temas com imagens fortes para os mesmos, e que conquistará de certo os mais graúdos (por enquanto o mais forte candidato ao Óscar de Animação deste ano). Um “mimo” para o olhar, o mais bravo dos filmes da Dreamworks Animation desde o primeiro Shrek.


Hugo Gomes

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