Sexta-feira, 19 Abril

«Triple Threat» (Tripla Ameaça) por Jorge Pereira

Juntar Tony Jaa (Ong Bak), Iko Uwais (The Raid), Tiger Chen (O Homem do Tai Chi; John Wick 3), Scott Adkins (Soldado Universal: Day of Reckoning; Boyka: Undisputed IV) e Michael Jai White (Arrow) no mesmo filme era mais que suficiente para qualquer aficionado de obras de ação de contexto marcial ficasse a salivar, mas este Tripla Ameaça – assinado pelo duplo tornado realizador Jesse V. Johnson – revela-se pouco inovador, extremamente redundante, repetitivo e quase nunca espetacular, tornando-se assim num objeto desapontante que não aproveita os enormes talentos que tem em si. Só faltava o elenco ter Frank Grillo e/ou Ray Stevenson para o desperdício ser total.

É que se muitas vezes desculpamos a história (sempre repleta de tragédias e clichés) e a profundidade das personagens (quer-se pancada, não palavras e contemplações), ao avaliar este género de filmes não podemos nunca desprezar as sequências de ação, sejam estas de luta mano a mano (artes marciais), sejam através de pirotecnia (tiros, explosões, etc), ou um misto dos dois (espécie de ‘Gun Fu’ de filmes como Equilibrium). Neste campo, para além de não existir qualquer lufada de ar fresco para o género, o que se recicla é do mais genérico e anónimo que se possa imaginar, mesmo quando o filme entra numa espécie de Assalto à 13ª Esquadra dos tempos modernos e começam a sério as batalhas 1 a 1.

É que basta pensar em qualquer dos filmes individuais acima referidos, ao lado do nome dos atores, para entendermos que qualquer um deles é melhor e mais engenhoso que Tripla Ameaça, ou pelo menos mais espalhafatoso, arrojado e criativo no tratamento de cada sequência, de cada diálogo e interação.

Adicionando esta falha grave (um filme de ação com esta medíocridade) às limitações dramáticas de cada ator, à banalidade do argumento, à típica donzela em apuros (Celina Jade), e um trabalho na cinematografia e montagem muito trivial, temos assim um dos mais bocejantes filmes do género dos tempos recentes, fazendo-nos pensar que estaríamos muito melhor servidos se isto estivesse nas mãos de Gareth Evans (Merantau; The Raid), Prachya Pinkaew (Ong Bak; Tom yum goong), Timo Tjahjanto (The Night Come With us) ou até John Stockwell (Kickboxer: A Vingança).

Qualquer um deles daria certamente um espetáculo mais lustroso e grandioso nesta história típica de um grupo de mercenários que massacra uma aldeia e terá de lidar com a vingança de três sobreviventes (Jaa, Uwais e Chen), os quais pelo caminho têm ainda de salvar uma herdeira chinesa que quer usar a sua fortuna para derrubar os sindicatos do crime.

Uma pena. Lá se foi um guilty pleasure por água abaixo.


Jorge Pereira

Notícias