Sábado, 20 Abril

«Spider-Man: Into the Spider-Verse» (Homem-Aranha: No Universo Aranha) por Ilana Oliveira

Muito já se foi escrito sobre Homem-Aranha, após Spider-verse teremos ainda o segundo da Marvel com Tom Holland, e sabe-se lá quantos mais. Apesar das divergências tonais entre a primeira trilogia feita pela Sony, muito querida pelos fãs mesmo caindo bruscamente em nível de qualidade no último filme, e o recente trabalho feito pela Disney, com o toque “Marvel” da comicidade e jovialidade, assistimos à Sony (des)emprestar” os direitos de imagem do herói e trabalhar um novo arco para o jovem-aranha.

Numa caixa mistura-se as influências de Deadpool com a escrita de Phil Lord, responsável pela inovadora animação de Lego Movie, de 2014, e temos como resultado Spider-Man: Into the Spider-Verse. Toda a metalinguagem cómica explorada pelo sucesso de bilheteria da Fox está aqui, até mesmo uma referência sexual bem subtil já que, nesse caso, ninguém quer atingir somente os maiores de 16 anos. Citação clara à primeira trilogia e à ridícula cena em que Tobey Maguire dança com sua franja emo, e brincadeiras com Banksy, é apenas um dos exemplos que conferem à Spider-verse uma brisa de renovação e que explicita o movimento global da indústria do filmes de herói para bem longe do tom obscuro dos filmes da DC.

Essa leveza também é atingida a partir do excelente trabalho da animação que opta por trabalhar minuciosamente a linguagem típica de design de banda-desenhada, inclusive com quadrados de fala. Essa ousadia de estilo único combinada à uma viagem de cores neon tornam o filme irresistível aos olhos de adultos e crianças.

O argumento de Phil Lord e Rodney Rothman não abusam do cliché da iniciação heroica, e a inserção dos seis personagens-aranha fazem com que o necessário de conteúdo seja trabalhado sem que decaia sobre a mesmice. O ritmo é equilibrado e dinâmico, mas sofre com o arco corrido e enfadonho da personagem principal com seu tio durante a transição entre o segundo e terceiro ato – seria culpa da repetição da história pela sexta vez?

Os trabalhos vocais, influenciados por Lego Movie, de Shameik Moore, Mahershala Ali, Nicolas Cage e Hailee Steinfeld também merecem reconhecimento, já que atribuem às personagens um maior número de camadas e estilo.

Spider-Man: Into the Spider-Verse é jovial, leve, engraçado e visualmente impecável, o que o faz um dos melhores filmes únicos já feitos nos universos heroicos das produtoras hollywoodianas.

Ilana Oliveira

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