Quinta-feira, 25 Abril

«I Still See You» (Sei Que Estás Aqui) por Jorge Pereira

Desde o final de Hunger Games que a Lionsgate desespera por encontrar uma saga que agarre o público como a trilogia de Suzanne Collins, ou a que começou isto tudo nestas bandas (fora do sistema de estúdios): Twilight. I Still See You é uma nova tentativa, totalmente falhada, na forma de mais um mundo distópico onde agora “fantasmas” e humanos partilham o mesmo espaço.

Sim, se em O Sexto Sentido Haley Joel Osment via “os mortos”, neste novo mundo, todos nós os vemos. Aqui os fantasmas são chamados de “Rems”, diminutivo de remanescentes, projeções espectrais, “aparições” repetitivas do passado que estão no nosso dia a dia após um “Evento” que envolveu experiências com aceleradores de partículas.

I Still See You é uma fábula para adolescentes e jovens adultos com todos os tiques formatados, esquemáticos e mercantilistas que Hollywood usa para captar audiências à procura de um novo êxito e franquia. O material original utilizado por aqui é a adaptação de Break My Heart 1000 Times, o best-seller escrito por Daniel Waters, aqui incutido por uma chama gótica pela jovem Bella Thorne e pelo seu parceiro nesta aventura, Kirk (Richard Harmon), um rapaz que apelidam de estranho porque investiga e parece obcecado pelos “Rems”.

Com o seu jeito rebelde pós-MTV, onde o vanguardismo é um estilo estético da cultura da aparência mascarado de atitude rebelde perante o mundo, Thorne começa a investigar estas aparições quando uma delas “quebra” as regras, o protocolo (ensinado nas escolas) que os humanos estabelecem sobre os remanescentes. Ao escrever “Run” num espelho, um “Rem” contactou diretamente com um vivo, algo que era visto como impossível até aí.

Para além de todas as derivações e lugares comuns, o filme sofre também de um excessivo didatismo, em especial na “Ciência” por trás destes “Rems”. Claro que nessa jornada explicativa, o filme tropeça, não na veracidade ou nos factos científicos que apresenta, mas na força que eles têm em relação à própria ficção incutida, e sempre derivativa, seja na sua vertente de drama, de thriller ou romance. No final, um twist mais que previsível esmaga totalmente as pretensões do filme, sabendo-se perfeitamente que estamos perante apenas um primeiro passo, uma primeira obra de aquilo que ambiciona ser mais um produto serializado e industrializado…


Jorge Pereira 

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