O verdadeiro Hip Hop está morto” … até aqui muito bem … esta poderia ser a “tese” de um filme que tinha tudo para desbravar território no preconceito musical e colocar o Hip Hop e as suas vertentes no centro de um reflexão social e, porque não, politica. Ao invés disso, o que deparamos com este filme partilhado de António Freitas e Fábio Silva é um objeto de estudo que “engole” por completo toda a sua estrutura de síntese deixando a céu aberto a insegurança da análise crítica.

Se entrarmos devagarinho nos quatro ventos nacionais desta cultura percebemos uma estratégia de rejeitar o formatado sistema do documentário, ignorando a pedagogia que poderia ser imposta num tema como este, e fortalecendo uma atmosfera vídeo-musical. Mas depressa tudo se converte num embuste, a atmosférica porta de entrada constantemente metamorfoseia numa ritualizada dança rodopiante, o espectador anda às voltas num objetivo oscilante e caindo de paraquedas num centralismo da subjugação aos artistas convidados. Em termos práticos, há relatos e questões trazidas pelos seus intervenientes que deflagrariam o discurso do documentário ou conduziriam por linhas-guias essa dita tese para uma incisiva conclusão. Infelizmente a “palha é muita” e para sensivelmente duas horas de filme a sensação em loop confunde, coloca-nos às aranhas e, pior que isso, desinteressa-nos com a sua demanda.

Hip To Da Hop é uma tentativa e valorizam-se as mesmas, mas sublinha-se as fraquezas que transformam o documentário numa produção sem alma nem sentido de existência. Triste, até porque o rap, o breakdance, o graffiti e o beatbox mereciam mais que este rascunho desconcentrado. A distração é mais que a vibe, é o prejudicial erro.