- C7nema.net - https://c7nema.net -

«Exorcism Of Mary Lamb» por Jorge Pereira

Mary Ann Lamb, escritora inglesa, é mais conhecida pela colaboração com seu irmão Charles na coleção Tales from Shakespeare. Lamb sofreu de doença mental e, em 1796, esfaqueou a mãe até a morte durante um colapso. Esta pequena introdução sobre Mary Lamb talvez (será?) possa explicar o título deste policial enfadonho que entra no campo do terror psicológico e no Whodonit. Este é o novo filme de Yasumasa Konno, apresentado em estreia mundial no MOTELx, o qual tinha há uns anos atrás apresentado o filme de terror sobrenatural com adolescentes – baseado num videojogo – Valentine Nightmare.

Por aqui seguimos Imamura, um polícia problemático prestes a acabar a sua liberdade condicional que tem de lidar com um homicídio que tem todos os tiques de ter sido perpetrado por um serial killer. Na sua investigação, ele vai chegar a um sanatório onde vai, por entre portas, travessas e passagens secretas, dar de caras com uma jovem e outras personagens que podem estar relacionados com o caso.

Um dos problemas óbvios desta fita é que um dos seus segredos não é assim tão difícil de adivinhar, muito por culpa da direção de Konno e da montagem (que deixa muito a desejar) que cria um caos pouco empático de digerir. Foram muitos os abandonos da sala no cinema São Jorge, e não se pode dizer que a culpa seja do ritmo, mas principalmente da forma como a narrativa é apresentada, de maneira desconexa e confusa (no mau sentido) para tentar iludir o espectador com um mistério que se topava a léguas. E embora existam alguns tiques que nos levam ao cinema psicológico de Shinya Tsukamoto (e repito, são só tiques), as complexidades aqui presentes são sempre demasiado básicas e superficiais, não havendo uma verdadeira desconstrução das personagens, uma história inquietante ou perspicaz, mas sim um trabalho que tenta esconder o jogo num puzzle, mas que o faz de forma desastrada.

Ora, da nossa parte, e com um dos segredos decifrados rapidamente, esse caminho a percorrer no mesmo comprimento de onda do cineasta morreu cedo, salvando o final alguma da anarquia reinante na primeira metade, mas sem conseguir resgatar um projeto que acima de tudo é desequilibrado, como o estado mental de todos em cena.


Jorge Pereira