O que está em causa não é o simbolismo da freira na nossa cultura, quer na literatura ou no cinema que construíram uma espécie de relação pecaminosa, mas sim, quantos são precisos para pecar desta maneira … “industrial”.

Se existia algo de aterrador nisto tudo, isso abundava nos poucos minutos em que a demoníaca freira surgia em cena no segundo The Conjuring, “brilhando” sobre o calculismo de James Wan na sua relação com o espaço e os elementos acessórios. Porém, após atribuído o protagonismo em mais um episódio para encher universos partilhados, a criatura é vendida a uma explosão automática de CGI e artificialismo proveniente de uma Hollywood que não sabe ao certo o que fazer com o género de terror.

Ficamos perplexos com o facto do realizador taiwanês surgir nos créditos sob o cargo de produtor, enquanto que Corin Hardy (já proveniente de um freakshow em The Hallow) é um tarefeiro por entre uma agenda apertada e decisões rigorosas que cai no “gosto geral” das massas. Sim, The Nun está mais interessado em ir ao encontro desse mesmo gosto do que criar qualquer avanço no panorama do terror – é enfadonhamente rotineiro, quer na sua execução (julgávamos nós que as montagens rápidas estavam em desuso neste tipo de Cinema), quer no argumento (“Deus nos valha”, sem qualquer sentido), ou na inutilização do espaço cénico (o espectador não tem qualquer noção do mesmo, não existe uma câmara que mapeia o território como acontecera com Annabelle: Creation).

Nós, espectadores, somos encaminhados por uma somente tentativa, a de seguir um modelo estabelecido sem nunca pensar como desemaranhar dos desafios. Um desses mesmos desafios é o público já tão conhecedor do terror e do seu historial (assim acreditamos) que se desvanecerá perante a previsibilidade e a incompetência de surpreender deste oportunista de estúdio.

Depois somos presenteado com bonecos incapazes, sufocados a plano por uma narrativa despachada e avarenta sem nunca preocupar em construir uma relação entre eles. No fim de contas, a freira, esse outro boneco, assume-se como um bibelô, assim como o filme que nunca sobressai do risível acessório. Cruz credo!