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«Ant-Man and the Wasp» (Homem-Formiga e a Vespa) por Hugo Gomes

No calor do Infinity War e o seu climax que termina em cliffhanger (a esta altura do campeonato todo o Mundo já deve conhecer) a Marvel Studios lança em pleno verão escaldante uma espécie de resfriamento à megalómana pretensão do estúdio. A sequela que ninguém pediu, mas que mesmo assim, provando ser capaz de vender gato por lebre, eis Antman and the Wasp, onde Peyton Reed, novamente no leme, suspira de alivio pelo desvanecer da sombra de Edgar Wright, porém, nada de ingenuidades aqui, as correntes ainda são muito Kevin Feige.

Convém salientar que dentro dos atiradores furtivos com vista ao mercado que foram as últimas incursões deste departamento da Disney, este “AntMan 2” é um exemplar modesto longe das ambições de inovar / alterar o curso de um franchise (pedimos desculpa pelo lapso – Universo Partilhado). Assim sendo, sob doses favoráveis de humor familiar e um Paul Rudd como “peixe na água” neste registo, Reed orquestra as mesmas e anteriores notas do arquétipo do heist movie, apimentado toda esta ação mirabolante e pontuada pela comédia já reconhecida com um maior apreço pela personagem feminina.

Esqueçam as vergonhosas inserções de Black Widow (Scarlett Johansson que servia de par romântico disponível e partilhado) e Natalie Portman que tantos bocejos trouxeram como dama em apuros, este AntMan é a peça mais feminina do estúdio em conjunto com BlackPanther e as suas sentinelas “overthetop”. Nesse sentido, Evangeline Lilly enquadra na perfeição esta heroína acima do sidekick (mas vamos com calma porque o foco principal continua direcionado a Paul Rudd e o seu alter-ego). Estando possivelmente a uns pontos do filme domingueiro que se converteu na primeira estância do Homem-Formiga, esta nova aventura dos insectoídes é somente uma demonstração de poder do estúdio, oleado e refinado como manda a sua indústria que se confunde mais com uma prova de vinho sintéticos, sem nunca enriquecer o paladar do seu freguês.

Automatizado, previsível, sem foco para o além-entretenimento passageiro com toques e retoques disnescos sem salvação. Mesmo com novas aquisições de luxo (Lawrence Fishburne e Michelle Pfeiffer) e uma figura antagónica (Hannah John-Kamen) longe dos requisitos básicos da vilania (começamos a pensar que na realidade são os Vingadores os piores inimigos da Humanidade), Ant-Man and the Wasp é a modéstia o qual tínhamos saudades nesta saga prolongada, mas fora isso, não é sinal que a formiga tenha por fim o seu catarro.

Hugo Gomes