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«Ghostland» (A Casa do Terror) por Jorge Pereira

Para os que desesperaram por The Tall Man não ser o filme que ambicionavam, nomeadamente ser um thriller e não tanto uma obra de horror, Ghostland – a estreia de Pascal Laugier em língua inglesa- serve como resposta. Aproximando-se a Martyrs no campo da violência, gore e traumas, mas não no ambiente e engenho, Ghostland é demasiado mecanizado num formato Tobe Hooper pelas mãos de Rob Zombie onde o design dos espaços e simbolismos carrega o filme de psicopatia e perversão em todos os seus níveis, mas sem grande chama ou inovação.

Sim, Zombie é uma das claras influências e referências que o próprio cineasta usa neste Ghostland, sendo Lovecraft outra personalidade a que o cineasta pisca o olho e transpõem mesmo para o grande ecrã, surgindo numa cena como avaliador do trabalho escrito de uma jovem – peça central no enredo – que tem nos contos de horror um prazer e desejo (de os escrever). Apesar do tom ficção de tudo isto, Laugier colocou um pouco de si nas personagens, em especial no conflito constante entre as irmãs e nas questões criativas da escrita de horror de Beth (Crystal Reed).

No mais, este é um filme terror no seu estado mais clássico e derivativo, com uma família a ser fustigada pelo ataque de dois psicopatas que parecem sair do universo de Hooper ou Zombie, estando nas vítimas e no seu estado mental o grande mistério, nomeadamente quando o filme navega entre o real e o imaginário onírico sem estabelecer frontalmente o que é.

E embora seja um filme trabalhado de forma meticulosa na sua apresentação sádica dos eventos, Laugnier não surpreende como nos seus trabalhos anteriores, soando tudo a um dejá vu com muito pouco para acrescentar ao género e repleto de velhos truques góticos, especialmente do cinema de horror dos anos 70 e 80.

Ainda assim, é difícil categorizar o filme como o mais fraco na carreira do cineasta, representando antes para o seu curriculum o mesmo que Livid foi para Julien Maury e Alexandre Bustillo: um trabalho mais genérico, estilizado, eficaz mas pouco surpreendente.


Jorge Pereira