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«Coexister» (Coexistir Não É Fácil) por Jorge Pereira

Em mais uma tentativa fracassada de dar asas à fórmula Que Mal Fiz Eu a Deus (Qu’est-ce qu’on a fait au Bon Dieu?), Fabrice Éboué apresenta aqui neste Coexistir a história de um produtor musical (também Éboué) que procura provar à dona da multinacional a que pertence que consegue encontrar o próximo grande sucesso, que ele crê estar na formação de uma banda que inclua um padre católico, um rabi e um imã.

A partir daqui nasce uma “comédia” com toque musical que no início ainda oferece algumas gargalhadas em modo de sketch, mas que aos poucos se torna redundante e repetitiva perdendo o sarcasmo e a ironia para o humor de fácil degustação com medo de ofender realmente alguém. E se podia ser uma crítica social às próprias religiões, hipocrisias, e até ao mundo da música no seio do capitalismo, a sua ambição familiar com obrigações românticas comerciais transforma tudo isto num ensaio esquemático de humor comandado pelos atores e pela sua expressividade e desempenho de cada um em cada situação (de enganos e desenganos).

Curiosamente, e no meio de tantos esteriótipos, acaba por ser Audrey Lamy no papel da assistente do produtor musical a mais divertida, esclarecida e surpreendente, enquanto o nosso trio “religioso” – Ramzy Bedia , Guillaume de Tonquédec e Jonathan Cohen – tem os altos e baixos fruto de um guião que aposta inicialmente numa boa guerra de costumes para depois sucumbir na formatação feel good movie sem uma verdadeira irreverência para além de querer ser a “comédia deste verão”.