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«Proud Mary» por Jorge Pereira

Fábula urbana melosa e de sucessivas decisões inverosímeis, em Proud Mary seguimos uma assassina com um coração de ouro (Taraji Penda Henson) que decide tomar conta de um miúdo de 13 anos, Danny (Jahi Di’Allo Winston), após matar o seu pai em mais um rotineiro trabalho para um cartel de droga.

Assumindo a proteção do miúdo e interagindo cada vez mais com o seu mundo, ganhando pelo caminho um grande sentido maternal, Mary vai paralelamente e progressivamente assumindo uma postura de redenção com a sua vida de assassina e renegando o seu passado.

Aquilo que podia ser um neo-blaxploitation com alguma sedução e carisma (há referências óbvias à linhagem Foxy Brown, Cleopatra Jones e Coffy), ou uma versão moderna made in Boston de Leon – O Profissional, acaba por se revelar uma obra com tendência para a telenovela, não só porque apresenta uma tremenda falta de originalidade no seu enredo e tratamento emocional (cai no dramalhão fácil), mas também porque nos entrega personagens secundárias pouco interessantes e desaproveitadas (um desperdício de Danny Glover) e sequências de ação sem chama que acabam por reduzir praticamente tudo à nulidade em tempos de propostas interessantes do género como John Wick e Atomic Blonde.

A isto acresce ainda uma banda-sonora com interesse mas em sobreuso (com Ike & Tina Turner e o seu tema Proud Mary a destacar-se), revelando que Babak Najafi continua numa senda de trabalhos comerciais pouco entusiasmantes sem nada para dizer e muito pouco Cinema para mostrar. E até quando recorre a sequências over-the-top – que se revelam absolutamente inertes em humor ou espetacularidade – o cineasta não consegue dar alguma luz ou interesse a um submundo tão desvalido como este. Uma verdadeira perda de tempo.


Jorge Pereira