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«Leatherface» por Jorge Pereira

Desde que Tobe Hooper lançou em 1974 o clássico slasher The Texas Chainsaw Massacre (Massacre no Texas), a indústria do cinema tem procurado criar uma franquia que continuasse a história de Leatherface e da sua família através de sequelas, remakes, prequelas, bandas-desenhadas e até videojogos.

Leatherface, a primeira incursão em inglês da dupla francesa Alexandre Bustillo e Julien Maury, ignora tudo o que foi feito após o filme de Tobe Hooper e procura criar uma história da origem da icónica personagem funcionando como uma prequela do filme original. O resultado final é medíocre.

Se por um lado nota-se um novo fulgor no conceito e uma elevação em relação ao último filme da saga, o pobre Texas Chainsaw 3D (2013), é também verdade que os elementos apresentados munem-se dos clichés banais no género, onde reina a previsibilidade, sobressaindo apenas o estilo dos cineastas – que deram nas vistas com À l’intérieur (2007) – mas que só na segunda metade do filme realmente se impõem num misto de cinema indie com gore sem vergonhas ou embaraços e com a capacidade de se auto-referenciar e até piscar o olho a clássicos de jovens apaixonados e violentos como Noivos Sangrentos (1973) ou Assassinos Natos (1994).

Filmado na Bulgária com um elenco e uma equipa predominantemente europeia e sempre com um orçamento reduzido em mente, este Leatherface segue a transformação da personagem título mostrando a forma como foi moldado pela família, em particular pela sua macabra mãe, a forma como é retirado dela pelo vingativo xerife e a maneira como é internado num hospício sádico onde os enclausurados são “tratados” com rescurso à eletroconvulsoterapia.

Na verdade, trata-se de uma história bem convencional, com enredo onde a imaginação mostra-se preguiçosa e com diversos momentos a roçar o entediante, nunca se aproximando da qualidade ou poder de sugestão do filme original de Hooper. A desconstrução da psicologia em torno das personagens fica pelo superficial e meramente gráfico, não havendo em qualquer momento um aprofundar ou um verdadeiro estudo das mesmas, ficando no final elas como figuras de cartão onde apenas se destacam no meio do marasmo as prestações de Stephen Dorff e Lili Taylor como Hal Hartmann e Verna Sawyer.

E não sendo uma grande obra de terror ou mistério, Leatherface revela-se apenas e só como uma genérica festa de horror de consumo fácil até que daqui a um ou dois anos surja outro filme de origem que o ignore completamente. 


Jorge Pereira