Terça-feira, 19 Março

«L’Embarras Du Choix» (Escolhe Tu!) por Jorge Pereira

Alexandra Lamy é a quarentona preferida dos grandes grupos de cinema mais comercial francês, mas também de Éric Lavaine, cineasta que depois de lhe dar o protagonismo em Isto só a mim! – onde ela ia voltar a viver com a sua mãe – repete a escolha, colocando-a como uma solteirona incapaz de tomar decisões na comédia romântica Escolhe Tu! (parece que qualquer filme francês cómico tem de ter uma exclamação no título).

Comédia ao estilo Bridget Jones, ou se formos mais atrás, aos trabalhos menos conseguidos da rainha do género dos anos 90, Meg Ryan, Escolhe Tu! segue todos os locais comuns do género, sobressaindo apenas a interpretação de Lamy num núcleo de atores agarrado a personagens superficiais com muito pouco interesse e pouca presença para além das 9 palavras com que se cose o enredo: uma indecisa patológica terá de optar entre dois pretendentes.

Sim, as amigas da indecisa, Anne Marivin e Sabrina Ouazani, conseguem a espaços ter algumas aparições fugazes com graça, mas são sugadas por uma Lamy que as ofusca e um guião demasiado formatado e previsível que as restringe a personagens anoréticas de conteúdo. Depois existem também os dois pretendentes de Lamy, um escocês (Jamie Bamber da série Battlestar Galactica) e um cozinheiro (Arnaud Ducret), uma espécie de Hugh Grant e Colin Firth que apenas existem para dificultar a escolha da protagonista (um é belo, o outro fofinho), mas que no fundo não acrescentam nada em termos de densidade ou profundidade a um filme que dolorosamente tem de acabar bem para todos (até para os abandonados a poucos dias do casamento).

No final, fica a sensação que já vimos toda esta coleção de sketches redundantes e previsíveis várias vezes, parecendo mesmo que estamos dentro de um template de comédia romântica feita para massas que apenas e só querem ver no cinema um crowd pleaser pastelão e açucarado sem qualquer ponta de irreverência.


Jorge Pereira

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