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“A Rainha de Espanha” apresenta-se no set

Dezoito anos depois das peripécias tragicómicas de “La niña de tus ojos”, Fernando Trueba regressa a essas familiares personagens, a essas caras que cresceram com ele e na indústria espanhola. Penélope Cruz, por exemplo, transformou-se neste período de tempo numa estrela global. Em “La reina de España” (“A Rainha de Espanha”) seguimos a chegada de Hollywood a terras de Franco, a criação dos grandes épicos históricos espanhóis e a formação de grandes estrelas castelhanas; de Espanha para o resto do Mundo.

Sim, Trueba (do oscarizado “Belle Époque” e “Chico & Rita”) consegue neste filme recuperar um certo tom de júbilo, enquanto olha satiricamente para o cinema norte-americano e os seus acréscimos. A obra é fustigada pela sua crítica política, multifacetada, polivalente, mas completamente insaciável. Infelizmente, é essa característica que transforma a ‘Rainha’ num filme demasiado trocista e sem a devida credibilidade no seu discurso. É possível verificar as diferenças estéticas entre a sequela e o original. “A Rainha de Espanha” funciona como uma representação da atual indústria espanhola (sem querer generalizar), a perda da sua identidade técnica e cinematograficamente linguística e o abraçar para dos códigos rotineiros do cinema mainstream ocidentalizado, ou simplesmente,  o mero telefilme.

É um filme que aposta sobretudo no seu conteúdo, acima da sua forma e, nesse aspeto, Trueba conduz-nos a uma revisitação cansada, ilibada pela culpa do oportunismo, mas que nem sempre encontra na homenagem um trunfo cinematográfico. Penélope Cruz revela-se na estrela formada, o astro que em 18 anos conquistou meio Mundo, mas hoje, “afagada” por uma chama vencida.

Talvez num terceiro filme, se Fernando Trueba permitir, Cruz seja convertida numa espécie de Gloria Swanson, uma diva decadente iludida pelo glamour de outros tempos. Mas por enquanto, fiquemos com esta “brincadeira franquista“, o mais recente pronto e esquece do cinema espanhol.