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«Going in Style» (Ladrões com Muito Estilo) por Hugo Gomes

Zach Braff cumpriu o seu primeiro requisito como realizador em 2004 com um pequeno grande filme de superação existencial, Garden State, o qual também protagonizou ao lado de uma Natalie Portman sob uma inocência virginal. Outrora conhecido como “o ator” da série Scrubs, Braff regressa à cadeira de realizador, passados 10 anos, e o resultado foi um registo independente (Dava Tudo Para Esta Cá) em que espectador sente que visita o mesmo lugar de antes,  mas o efeito não foi nostálgico.

Foi então que, após uns produtos para a televisão, o ator convertido em realizador avança numa nova tentativa no cinema, desta feita em estreita cooperação com um grande estúdio (Warner Bros.) e como matéria-prima um homónimo filme de Martin Brest (que por cá teve o título de Quadrilha do Reumático) e, voilá, chegamos ao mero anonimato de Braff como cineasta.

Este Ocean’s Eleven de terceira idade, com mais ligações ao original protagonizado pelo Rat Pack (Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr., Peter Lawford e Joey Bishop) do que na versão de Steven Soderbergh, é um entretenimento emocional sob a máscara de cinema politico para massas. A razão está num discurso algo nacionalista e anti-capitalista (a guerra contra a classe de Wall Street e a transferência de empresas na busca de mão-de-obra mais barata no resto do Globo) que hoje encontrou voz na eleição de Trump, da mesma forma que traz três veteranos atores de uma Hollywood que nega as suas “royalties” para induzir a temática da terceira idade e o desprezo social para com estes.

Michael Caine, Morgan Freeman e Alan Arkin são bons motivos para comprar o bilhete para esta sessão, mesmo que o tom cómico e o modelo heist movie já tenha visto melhores dias. E é então que após um cínico desfecho em que a criminalidade compensa, como se tal movimentasse o destino financeiro, politico e social de um país (a invocar o complexo Robin dos Bosques mais uma vez), somos levados para os créditos finais. Afinal, Zach Braff filmou isto! Sim, foi ele mas poderia ter sido outro “tarefeiro” qualquer. Aliás, Hollywood está cheio deles.  

O melhor – o trio de atores
O pior – a despersonalização e os lugares-comuns (irra, que já chateia!)

Hugo Gomes