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«Eusébio – A História de uma Lenda» por Jorge Pereira

 

Eusébio – A História de uma Lenda não é o primeiro documentário sobre Eusébio da Silva Ferreira, e nem será o último, nem que seja porque – apesar de ser profundamente emocional- é um objeto extremamente limitado sobre uma das maiores personalidades do desporto nacional e internacional.

Narrado na primeira pessoa pelo próprio Eusébio e com depoimentos de muitas figuras que acompanharam a sua vida, como António Simões, Hilário da Conceição, Flora da Silva Ferreira e Sir Bobby Charlton, Eusébio – A História de uma Lenda recorre constantemente a imagens de arquivo numa colagem mediana e repetitiva impulsionada pela homenagem pomposa onde não falta a banda-sonora espampanante, tão épica como cansativa e redundante (aquelas “explosões” quando surge um golo no ecrã, passados uns minutos tornam-se previsiveis).

Dos primeiros tempos em Moçambique, ao caos da sua transferência para Portugal (que até envolveu raptos), passando pelos jogos no Benfica e na Seleção Nacional, e a sua consagração e impacto internacional, a tudo assistimos neste documentário, mas de forma meramente superficial, onde efetivamente pouco ou nada de novo descobrimos para além do frisar do sentido de humildade e de humor do atleta, que não se cansa de dizer que “era apenas um jogador da bola“.

É, alias, esse humor do Pantera Negra que engradece a nossa experiência. Veja o que ele diz do encontro com Salazar, o que pensa dos ingleses lhe chamarem “Black Panther”, ou como guardou a camisola de Di Stefano após vencer a Taça dos Campeões Europeus.

Nisto, as boas intenções de Filipe Ascensão resultam num filme de formato televisivo banal e que de Cinema não tem nada. E mesmo pensando em tudo isto para o pequeno ecrã, encontrariamos sempre demasiadas contrariedades: a limitação das imagens de arquivo, dos depoimentos alheios (o documentário feito pela RTP nos anos 90 é muito superior), uma ausência gritante de história entre o período em que terminou a sua passagem de jogador pelo Benfica e a sua morte (estamos a falar de mais de 30 anos de vazio), e apenas toques ao de leve já conhecidos no que toca à sua história pessoal.

O Melhor: Eusébio, a sua humildade e humor
O pior: Não basta meter um filme no grande ecrã para que ele seja cinema. Extremamente limitado, redundante e redutor em todos os sentidos


Jorge Pereira