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«Ataúd Blanco: El Juego Diabólico» por Roni Nunes

O prolífico Adrián García Bogliano é uma das forças por trás deste filme argentino. Isto significa que a obra que escreveu (realizada por Daniel de la Vega) vai padecer dos vícios e qualidades reveladas em trabalhos como Late Phases e Aqui Vem o Diabo – onde uma profusão de referências mistura-se numa enorme e nunca bem colmatada “mistela“. 
 
Em Ataúd Blanco: El Juego Diabólico os próprios géneros misturam-se: começa como um filme de ação, evolui para um thriller e a seguir para o terror gore, com direito a “funny games” sádicos e sem finalidade, mascarados com serra elétrica, corporações satânicas e sacrifícios rituais.
 
A protagonista é Virginia (Julieta Cardinalli) uma mãe em fuga com a filha pequena. Quando esta desaparece, os seus limites como mãe vão ser testados por forças invisíveis até as últimas consequências numa altura em que o tema da maternidade anda em força no terror (Mama [1], The Babadook [2]).
 
A ação funciona, há imenso movimento de cãmaras e gruas que conseguem momentos inventivos – como na sequência onde o desespero da protagonista é acentuado por um longo travelling num “labirinto” de casas-de-banho. 
 
A história, por seu lado, possui demasiadas pontas não muito bem esclarecidas – como o facto da protagonista ser uma “ressuscitada“, ser conduzida por uma espécie de “anjo mensageiro” e terminar a braços com uma corporação para cujos atos não se atribui a mais remota sombra de explicação e, consequentemente, credibilidade. Talvez por isso a sensação causada pelo final, apesar de efetivamente tenso, é a de parecer um bullying psicológico contra o espectador…
 
O melhor: as cenas de ação, os movimentos de câmara
O pior: as demasiadas pontas soltas do enredo
 
 

Roni Nunes