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«Viceroy’s House» (Adeus Índia) por Duarte Mata

Ao que parece a Berlinale também tem os seus desleixes, já que permitiram a exibição de Viceroy’s House na secção oficial desta edição, fora de concurso. Sob a égide da BBC Films e com alguns atores notáveis (de Gillian Anderson a Michael Gambon), o resultado final não passa de um telefilme de época a que fomos habituados da parte desta difusora, onde, embora não faltem cuidados investigativos no que toca ao guarda-roupa, há uma enorme lacuna relativamente ao estilo cinematográfico presente.

Tendo como foco principal o derradeiro governador da Índia enquanto esta foi colónia britânica, Lord Mountbatten, o filme centra-se nas várias etapas pela que este teve que passar para tentar restabelecer o país aos seus habitantes. Em paralelo, uma história de amor proibida entre uma hindu e um muçulmano surge no coração do palácio.

Embora no argumento sejam bem salientadas as intenções deste projeto abordar as repercussões provenientes do Brexit de forma indireta e de o filme focar-se na diferenciação de classes presentes dentro e fora do palácio, a realizadora Gurinder Chadha não se esforça para criar um objeto cinematográfico de mínimo valor, conformando-se constantemente na mesma reiteração de planos criadas por uma realização low-cost, onde nem a luz nem a direção artística importam para contar a história. Esta, obviamente, dramatizada de forma mais que simplista para toda uma situação político-económica que levou vários anos a ser resolvida.

Ao observar-se o filme é impossível não deixar de observar como tudo parece de um artificialismo tão forçado, desempenhos risíveis por parte dos atores mais jovens e uma redução de grandes figuras históricas para mero exibicionismo. E já que estamos nisto de falsidades, que dizer do final, variação kitsch do último minuto do Rocky ao som de mais uma banda sonora xaroposa de A. R. Rahman? Não, isto não é um filme. É apenas uma parada carnavalesca.

O melhor: Guarda-roupa.

O pior: Realização low-cost

Duarte Mata