Sábado, 20 Abril

«Passengers» (Passageiros) por Hugo Gomes

Para muitos, estar “isolado” com Jennifer Lawrence seria uma fantasia realizada. Para os espectadores de Passageiros é um turbilhão de emoções, e todos fora do campo positivo. 
 
Dirigido por Morten Tyldum, o mesmo realizador do bem-sucedido O Jogo da Imitação, eis uma variação espacial de A Lagoa Azul com um dos casais mais esperados para os eternos deliciados em grandes produções de Hollywood. De um lado temos, como já havia referido, Lawrence a desempenhar a mulher mais intelectual num raio de anos-luz e Chris Pratt, o Starlord para adeptos da Marvel, como o Robison Crusoé espacial. Ambos são os únicos despertos numa nave espacial com destino a uma colónia do outro lado do Universo, trazendo a bordo milhares de passageiros, todos eles sob um tremendo estado de hibernação (e com o despertador programado para 90 anos depois). 
 
Pratt e Lawrence são o casal maravilha, e não é a química que o ordena, mas o isolamento, uma força imperativa que os junta de forma tão rotineira como qualquer romance de Nicholas Sparks. E como qualquer relação a dois, eis o terceiro elemento: um o andróide-barman com a face de Michael Sheen a servir de conselheiro matrimonial e de propaganda para os gastos no setor dos efeitos visuais. 
 
Passageiros é um filme vincado no star system com um enorme “apetite” para um enredo minimalista, se não fosse … aí está … Hollywood a fazer das suas e a tomar algo adquirido numa fórmula circense. No meio, temos o eventual “conflito“: o A para B que coloca a vida dos nossos “passageiros” em risco e os heróis de ocasião, que tão bem acompanham o nosso pacote de pipocas. É um espetáculo visto e revisto, com todas os requisitos para romance descartável de grande ecrã e cameos involuntariamente hilariantes (atores de renome que servem de figurantes por 3 segundos). 
 
Resumindo, este é um filme que ousa em não sair da sua posição vampírica em relação às estrelas que a lideram. Vive e sobrevive dos protagonistas, e mostra-se sem “motor” para avançar delicadamente no espaço. Esqueçamos comparações com Moon ou até Sunshine. Isto é Hollywood na sua forma mais gratuita. 
 
Hugo Gomes
 

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