Quarta-feira, 24 Abril

«Rogue One: A Star Wars Story» (Rogue One: Uma História de Star Wars) por Hugo Gomes

Há quem ainda acuse George Lucas de ter sido o “cancro” de uma saga tão querida para milhões. Desde a suas remasterizações e “remexidelas” na trilogia original em múltiplas edições de home video, até aos três filmes produzidos entre 1999 e 2005 que atualmente é esquecido por muitos. Mas não devemos ignorar, que apesar do resultado, Lucas tentou expandir o Universo que ele próprio criou com alguma inovação, quer tecnológica, quer narrativa.

Porém, vivemos num Mundo onde a personalidade parece ser condenável, e depois de uma homage algo cobarde (diga-se por passagem), por parte de J.J. Abrams, chega-nos o intitulado Rogue One, uma referência no scroll credits de 1977 que originou um filme sob tons bélicos e de tamanha “piscadela de olhos” a temáticas politicas. Enfim, politicas e Disney nunca se misturaram, relembro o caso de Civil War onde super-heróis disputavam entre si consoante as suas fraudulentas ideologias. Neste Star Wars, tal é o fogo brando do extremismo oriental, como muito media ocidental parece insinuar, e o liberalismo em acordes de guerrilha-ativista, que tenta soar com seriedade neste “world building” formatado.

Contudo, Star Wars não é uma distopia politica sob o formato de sci-fy, é simplesmente a tentativa de vender e extrair até à última gota uma memória, uma nostalgia e um sentimento que muitos guardam fervorosamente dentro de si. O resultado não é um filme francamente mau em termos técnicos (tirando o uso e o abuso do motion capture para a ressurreição de personagens vencidas, até porque “Peter Cushing is not alive anymore“), é sim, uma réplica, uma obra despersonalizada exercida sobre personagens de tamanha causticidade na sua concepção. Nada de sólido, só “carne para canhão“.

Depois temos os inevitáveis cameos, o fan service a vingar sobre os fãs, e um enredo rotineiro que joga-se forçosamente na cronologia estrelar. Para nosso encanto, é mesmo Ben Mendelsohn a perpetuar como vilão de serviço (mas já está na hora de abandonar a “sacanice“), e a banda-sonora saudosista de Michael Giacchino que segue a tradição de John Williams. Mas fora isso, é a indústria megalómana comanda, transformando, o então astuto Gareth Edwards (que ressuscitou com algum agrado Godzilla em terras estadunienses), num mero “moço de recados“.

Temos que perdoar os pecados de George Lucas, ao menos ele trouxe uma breve sensação de novidade a um franchise, que não inventou o Cinema como muitos acreditam, mas que redefiniu os moldes do entretenimento cinematográfico para grandes massas. Sim, os fãs vão “venerar“, mas Rogue One nada de relevante tem para o Cinema, e isso meus amigos, em épocas de produtos bem “lubrificados“, não é nada. 

Hugo Gomes

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