Sábado, 20 Abril

«Storks» (Cegonhas) por Duarte Mata

Mas que fraquinho é este Cegonhas… Apesar de querer abordar tópicos que nunca são demais repetir (como a paternidade e o amor, liberal e sem preconceitos) e o enredo revolver as peripécias de uma cegonha e de uma órfã adolescente em entregarem uma criança a um rapaz que a encomendou (ideia que até poderia parecer original), todo o seu desenvolvimento é um acumular de gags que se vão repetindo até cansarem (como uma piada que ficamos fartos de ouvir) e um sentimentalismo forçado, numa intriga que não aquece nem arrefece e que cai, facilmente, no lugar comum, sem personagens particularmente marcantes ou uma mísera frase que nos fique na cabeça no final.

Claro que nem tudo desaponta e a mais recente obra dos estúdios de animação da Warner Brothers (responsável pelo filme de culto, bastante subvalorizado, Quest For Camelot: A Espada Mágica e pelo mais aclamado O Gigante de Ferro) revela algum humor com duplo sentido, direcionado para adultos (obviamente, sobre de onde é que vêm, de facto, os bebés) ao qual a voz de Nuno Markl bem consegue prestar-se na tradução portuguesa. Isso e o tal amor liberal que, avisamos desde já, quem teve uma ereção de felicidade com o casal lésbico que aparecia em À Procura de Dory, terá as calças molhadas com o final deste filme.

Mas, sejamos sinceros, quando temos belíssimas obras como Kubo e as Duas Cordas em exibição, que dizem mais, fazem mais e estão impressionantes nos sentidos técnicos e artísticos do termo, que razão há para ver isto? Por mais pó de talco que Cegonhas tenha, o seu cheiro é mesmo de naftalina.

O melhor: O duplo sentido de algum do humor e a voz de Nuno Markl.

O pior: Previsível, repetitivo e, francamente, recalcável.

Duarte Mata

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