Sábado, 20 Abril

«Spa Night» por André Gonçalves

Da Pensilvânia de “AWOL” passamos à cidade de Los Angeles deste “Spa Night“. Muda-se o espaço norte-americano, muda-se o contexto – e aqui, um sinal positivo para a presença de uma narrativa do ponto de vista da comunidade imigrante sul-coreana, mantém-se a revisão do “sonho americano” pelos menos privilegiados. 

Também aqui passa o sonho de subir na escada frequentando a Universidade. Neste caso, temos David, um jovem coreano tímido e “armariado“, que ajudava os seus pais no restaurante até este fechar, e estes começarem a pensar num futuro mais sério para o seu filho… entretanto, David, como forma (desculpa?) de ajudar os pais, responde a uma oferta de emprego para limpar um Spa só para homens, um espaço inicialmente frequentado com o pai, e posteriormente explorado como iniciação sexual.  

Não é pela técnica e pela originalidade da narrativa que a obra peca. Há de facto aqui novamente na câmara de Andrew Ahn um olhar inédito sobre uma realidade que anteriormente era relegada a uma ou outra cena, mas nada mais que isso. Há aqui também uma tentativa sorrateira de dizer algo sobre como os homossexuais encaram a sua própria imagem física como parte tão integral da identidade como a nacionalidade. 

A propósito da performance do protagonista Joe Seo, o júri de Sundance atribuiu este ano um prémio especial, argumentando que a sua “performance discreta e íntima” era “profundamente comovente“. Se há alguma comoção no filme, esta dependerá da maneira como o espectador encara a recusa ativa de qualquer catarse emocional ou clímax num filme que é um estudo de uma personagem. É que “Spa Night” é, tal como a personagem principal, discreto (se distinto), e ultimamente mudo, cruzando a fina linha entre a subtileza e opacidade.   

O melhor: A realização de Andrew Ahn

O pior: a ausência de qualquer catarse/clímax

André Gonçalves

 

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