Esta é a história de Lucas Mateus (Ivo Canelas), um músico de carreira falhada que entra em depressão após descobrir que a sua namorada o traía com o seu melhor amigo, Pedro (João Tempera), que ao contrário do protagonista é um músico com uma carreira bem sucedida. Com as desilusões que se vão acumulando na sua vida, Lucas desesperadamente entra num ciclo vicioso de “carrologia”, uma arte de engate em que consiste “estudar” o conteúdo dos carrinhos de supermercado. É durante essa “caça a mulheres” que Lucas encontra, que conhece uma estranha rapariga, cuja principal particularidade é de viver dentro de um fato de dinossauro cor-de-rosa.
 
Na teoria, Refrigerantes e Canções de Amor soa como uma variação de criatividade “Sundance style”, mas o pior é quando chegamos realmente à prática, e aí sim, é onde “a dinossaura torce o rabo”. Escrito pelo humorista Nuno Markl, esta é uma comédia de ideias, porém, mal executadas em derivação de um malabarismo de tons, de uma realização ausente de frescura, por um overacting conformado por muitas das suas estrelas e por um timing incorretamente aplicado. 
 
Devo dizer que esta obra tem de tudo para funcionar com um case study, exibido em qualquer aula de preparação para estudantes de cinema nos termos do que se “deve ou não fazer”. Verdadeiramente triste que isso aconteça, até porque no leme deste projeto está o veterano Luís Galvão Teles, que ainda este ano presenteou-nos com a louvada tentativa de Gelo, um filme de ficção cientifica que não envergonha ninguém. Infelizmente é na sua direção que encontramos a “faca de dois gumes” deste Refrigerantes e Canções de Amor, se por um lado a realização de Galvão Teles afasta-nos da usual linguagem televisiva que empesta as produções comerciais (*cof* O Pátio das Cantigas *cof*), é nele que encontramos o desleixo total, confirmado no patético climax, onde não existe qualquer noção espacial e até temporal.
 
Sim, meus caros, Refrigerantes e Canções de Amor é um produto falhado, sem amor nem carinho, despachado e dilacerado precocemente. Algo bom nisto tudo é Victoria Guerra, que mesmo deixada à sua mercê no interior de um fato de dinossauro rosa, consegue graciosamente contagiar-nos com o seu talento. Aliás é nela que encontramos o termo de requisitada interpretação, onde os gestos e a voz valem mais que muitas expressões faciais.