Sexta-feira, 26 Abril

«Teenage Mutant Ninja Turtles: Out of the Shadows» (Tartarugas Ninja Heróis Mutantes: O Romper das Sombras) por Hugo Gomes

Tal como o título indica são tartarugas ninjas mutantes e ainda por cima adolescentes, por isso qualquer hipótese de encontramos algo semelhante a Ingmar Bergman é completamente nulo.

Sequela musculada do êxito inesperado de 2014, sim, falamos de inesperado porque todos esperavam um flop em derivação das reações negativas envolto dos trailers, posters e outros anúncios. Out of Shadows (fiquemos pelo subtítulo) é um festim de referências para todos aqueles que cresceram com os homónimos comics, cartoons e outros relacionados a esta já estabelecida pop culture dos anos 80 e também 90. Porém, não basta ser uma invocação desses mesmos marcos, é preciso ser também cinema, e como tal, este Tartarugas Ninjas não o é.

Funcionando somente como um espetáculo corriqueiro daqueles de que estamos habituados a presenciar a esta altura do campeonato, eis uma trama mais negra e ambiciosa que a prequela e igualmente idiota (no bom sentido). As personagens caricaturais parecem não ter saído do papel, basta mencionar Megan Fox (um raccord em pessoa), e somos presenteados com sequências de ação que tanto devem ao cunho de Michael Bay. Mesmo sabendo que não se trata de uma realização do próprio, somos levados a questionar se Dave Green é de facto uma pessoa ou somente um pseudónimo de Bay… Esses ingredientes não despoletam o filme para novos horizontes, mas o condicionam à sua “arte“, ou seja, o produto sobre-estilizado com sabor de Verão e sem “espinhas” na sua, descarada, narrativa.

A juntar a isto temos ainda as coproduções chinesas que reafirmam a ideia de que este tipo de “obras” tem como principal objetivo “agradar jovens chineses” (já dizia  James Schamus), mas que continuam com desrespeitos a qualquer personagem de origem asiática. Ora vejamos, troca-se o ator no papel de Shredder (e ninguém parece dar pela substituição) e ainda dispomos da parceira chinesa (Jane Wu) da personagem interpretada por Laura Linney (em modo “pagar as contas“), que pavoneia todo o filme sem uma única fala. “Whitewashing”? Só para chinês ver!

O melhor – Não ofende ninguém

O pior – Não é algo que possamos chamar de memorável

 

Hugo Gomes

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