Sexta-feira, 19 Abril

«Now You See Me 2» (Mestres da Ilusão 2) por Hugo Gomes

Juntamente com o recente Alice do Outro Lado do Espelho (Alice Through the Looking Glass), este Mestres da Ilusão 2 (Now You See Me 2) é já um dos fortes candidatos a sequela não pedida de 2016, um filme cujo título português adequa-se perfeitamente à sua natureza.

Mais do que um filme, este é um verdadeiro truque de ilusionismo, que procura convencer o espectador de que todo este espetáculo é no mínimo saudável para a massa cinzenta de cada um. Contudo, a verdade está longe de ser mágica – tudo se resumo a um argumento reciclável que utiliza como desculpa “o ilusionismo” para explicar o inverosímil. A prequela podia seguir os mesmos erros, mas no caso da sequela, o registo é insuportavelmente longo, atrapalhado com o excesso de informação e precocemente reprimido em consequências de “milésimos” falsos twists, engodos lançados para a audiência como se de burlas se tratassem.

Nem mesmo a ironia o filme consegue suportar. Aliás, temos aqui um enredo sobre mágicos e ilusionistas com Daniel “Harry Potter” Radcliffe como o vilão em cena, o “ateu” nesta ordem apocalíptica de coelhos e cartolas, infelizmente uma piada digna de “stand up comedy” desvanecida por um tom hiperativo e exaustivamente industrial. Continuando com o fracasso de todo o tamanho, Mestres da Ilusão 2 ostenta um visual de brilhantismo que afoga qualquer indício provocado de “filme de golpe”, e quanto toca a explicações de planos intermináveis, o “cenário” torna-se ainda mais desesperado por atenção (verifica-se na entediante e demasiado longa sequência no laboratório).

Por fim, o elenco poderia ajudar a tornar esta experiência mais capaz na sua entrega mais cinematográfica e menos “videoclippeira“, mas a esta altura do texto o leitor já deve ter percebido que são mais um … fracasso. Um Jesse Eisenberg nos seus piores dias, um Woody Harrelson mais preocupado com o cheque (provavelmente a dobrar neste produto), um Dave Franco sem expressão e uma Lizzy Caplain como pneu suplente em modo “Kat Dennigs wanna be“, não são certamente os anfitriões que quereremos no nosso serão.

O melhor – É difícil, mas Michael Caine & Morgan Freeman – apesar de em modo automático, eles são sempre presenças irrecusáveis.
O pior – sequela escusada, o mesmo truque de ilusionismo – tentar ser mais astuto do que realmente é.


Hugo Gomes

Notícias