Terça-feira, 23 Abril

«X-Men: Apocalypse» (X-Men: Apocalipse) por José Pedro Lopes

 

Dada a conjectura das redes sociais, acho que o ideal é começar a crítica com um algo bombástico. X-Men: Apocalipse é definitivamente melhor que Capitão América: Guerra Civil e Batman v Superman: O Despertar da Justiça. A verdade é que a terceira entrega da nova trilogia dos mutantes da Marvel é um filme com vilão a sério, reais debates ideológicos, e com personagens que conseguem ter carisma: quer para rir quer para chorar. Creio que muito disto é mérito de um elenco absolutamente de luxo que a Fox reuniu para o evento: afinal o que esperar de um gangue de malvados liderados por Oscar Isaac e Michael Fassbender.

Estamos nos anos 80, e o mundo vive em paz com os mutantes. Depois dos eventos de Dias de um Futuro Esquecido, Charles Xavier tem a sua escola para mutantes e a sociedade sabe da sua existência, tolerando de forma pacífica. No entanto, no Egíto, um mutante da Antiguidade desperta. Perante um mundo supérfluo e cheio de falsos deuses, onde os humanos fracos governam com as suas bombas nucleares e os mutantes “abençoados” vivem na sombra com medo, este mutante-deus decide reunir uma pequena equipa de mutantes super-poderosos para, claro, destruir a humanidade. Este claro não é assim tão claro: quer Lex Luthor quer o suposto Zemo dos outros filmes de super-heróis deste ano não pareciam ter qualquer interesse em destruição global, ou na realidade, algo mais do que pequenas agendas pessoais.

A escola de Xavier é um ambiente desprovido de violência, o que significa que os seus alunos não sabem lutar. Vai caber a Raven (aka Mistique) organizar um equipa de novos mutantes e treina-los para lutarem contra um deus.

Bryan Singer é um perito do género – autor de clássicos como X-Men 2 e X-Men: Dias de um Futuro Esquecido – e isso nota-se na forma como Apocalipse constrói bons e maus, com motivações e dinâmicas muito bem explicadas e oleadas. Oscar Isaac, apesar de fortemente maquilhado, cria um vilão à altura do evento e a realidade é que o jovem elenco do filme, com nomes como Sophie Turner, Tye Sheridan e Kodi Smit-McPhee, tem carisma e deixa-nos vontade de os ver em filmes futuros. Uma nota especial para Olivia Munn, que parece se divertir com a personagem de Psylocke como nós.

O que nos leva à comparações: se X-Men nos leva a um cenário de “luta final”, coisa que nem Batman v Superman nem Guerra Civil fazem, o que jogará a favor dos duelos redundantes? É que, para grande constragimento de Guerra Civil, este X-Men é um filme bem mais divertido. As cenas de Quicksilver continuam geniais, a aparição de Wolverine é um momento surpreendentemente memorável e o vilão algo “80’s” que este Apocalipse é dá muito gozo de ver.

De casa arrumada, sem a sensação de capítulo intermédio, com diversão e drama (Fassbender tem ali alguns momentos fantásticos) em doses certas, X-Men Apocalipse apresenta-se como o filme de super-heróis mais ambicioso e saudável do ano. Literalmente, saudável.

O melhor: Os novos mutantes e os respetivos actores. E Quicksilver, claro!
O pior: A luta final perde algum lógica a certo ponto.


José Pedro Lopes

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