Sexta-feira, 19 Abril

«Criminal Activities» (Atividades criminosas) por Jorge Pereira

O cinema gangster de conversa “espertinha” teve um grande impulso nos anos 90, especialmente depois de Tarantino lançar Cães Danados e o implacável Pulp Fiction. O sucesso destes filmes fez com que dezenas (ou mesmo centenas) de cineastas entrassem pelo submundo do crime adentro com personagens pitorescas, diálogos repletos de humor (muitas vezes) negro e sequências de ação cheias de reviravoltas, onde muitas vezes os bons e os maus não são propriamente os policias e os criminosos, respetivamente.

Tony Scott (Amor à Queima-Roupa), Steven Soderbergh (Romance Perigoso), Guy Ritchie (Snatch), Barry Sonnenfeld (Jogos Quase Perigosos e Jogos Mais Perigosos ) e Jan Kounen (Dobermann) foram alguns dos realizadores que embarcaram nessa linha com resultados bem conseguidos – ao contrário da maioria, que caía no erro de expor clichés sobre clichés sem verdadeiramente criar um cunho pessoal que os distinguisse de alguém que “apanha o mesmo comboio” de Tarantino.

Atividades Criminosas é um filme desse género, parecendo muitas vezes uma obra feita na década de 90 e agora retirada de uma cápsula do tempo. Mais na linha de Sonnenfeld que do próprio Tarantino, neste  filme de gangsters seguimos um grupo de amigos – Zach (Michael Pitt), Noah (Dan Stevens), Warren (Christopher Abbott)  e Bryce (Rob Brown) – que, perante a hipótese de ganhar dinheiro fácil em atividades bolsistas, decide contrair um empréstimo. O que eles não sabem é que quem se ofereceu para conseguir o dinheiro foi pedi-lo à Máfia, o que se torna um problema quando o negócio cai por terra e eles ficam em dívida a dobrar. Obrigados a fazer um favor aos mafiosos para saldar as contas, o grupo entra no meio de uma guerra entre criminosos onde não faltam policias imbecis, tiradas “cool” e, naturalmente, os twists.

Claro está que no meio disto tudo tinha de estar presente John Travolta, ele que viu a sua carreira relançada por Tarantino e que tanto destaque teve também nas obras de Sonnenfeld. Marcado por este género de filmes, Travolta entrega uma prestação esforçada mas extremamente derivativa, um pouco à semelhança de toda a narrativa, onde até as reviravoltas – apesar de surpreendentes – parecem cair de paraquedas.

Assim, e para quem gosta do género, Atividades Criminosas é uma proposta razoável para o chamado «filme para distrair». Para os outros, é mais um sem grande charme ou interesse, a não ser algumas prestações, como a do eterno Rorschach, Jackie Earle Haley.

O Melhor: Algumas prestações
O Pior: Já vimos isto tudo e muito melhor


Jorge Pereira

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