Quinta-feira, 28 Março

«Batman v Superman: Dawn of Justice» (Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça) por José Pedro Lopes

Uma grande maioria das pessoas com quem podemos falar sobre o pressuposto de Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça levantará a óbvia questão: como poderia um mero humano como Batman enfrentar um extraterrestre indestrutível como o Super-Homem por mais de uns meros segundos. Este épico de Zack Snyder responde a este pressuposto absurdo com surpreendentemente brio, mesmo que por diversas vezes o filme ressinta estar a tentar compactar numa fita só o que certamente faria narrativa de várias.

O argumento de Chris Terrio e David S. Goyer leva o seu tempo a trabalhar as personagens que se vão enfrentar e, acima de tudo, as circunstâncias que o vão provocar. Um elenco de luxo faz a diferença, acima de tudo nos secundários, onde Jesse Eisenberg é um Lex Luthor irritante e desafiante e Amy Adams dá calor e coração a uma intriga carregada de cantos frios e obscuros. Neles, Ben Affleck e Henry Cavill dão vida a um Batman mais duro e violento do que estamos habituados e a um Homem de Aço que não sabe o que há de fazer perante tantas adversidades.

Snyder tem tendência para o épico e aqui cria isto mesmo: Batman v Super-Homem é o Heat – Cidade sob Pressão (de Michael Mann, onde se enfrentavam Al Pacino e Robert De Niro) do cinema de super-heróis. Conheçemos Batman e Super-Homem melhor do que antes, e quando finalmente eles se enfrentam numa luta mais dramática para qualquer um dos lados do que os trailers dão a entender, o filme tem tudo preparado para a grandeza. Afinal, mais de 50 anos depois, Batman e Super-Homem são grandes personagens da ficção contemporânea, e todos as conhecemos muito, muito bem.

Mas se a luta entre os dois heróis – e depois o inevitável confronto dos mesmos com o verdadeiro vilão do filme – é terreno no qual os excessos visuais de Zack Snyder fazem maravilhas, o mesmo não se pode dizer de tudo o que precede. Sim, o filme está particularmente ambicioso, bem escrito e atuado, mas Snyder não lhe concede espaços de humor e descontração, como já é o seu hábito, e em alguns momentos sobrecarrega-o visualmente.

Para quem adorar este tipo de material, o problema não é grave. Estamos perante estas grandes personagens num filme à sua medida, mas Snyder devia saber melhor como entreter todo o público curioso, sem ser um fundamentalista do género. E mesmo para quem é fã, fica a grande vontade  de ver este Batman intransigente, este Super-Homem emotivo e esta poderosíssima Mulher Maravilha, num contexto mais descontraído.

Merecendo uma nota à parte só para si: Gal Gadot está excelente como a Mulher Maravilha, e a sua personagem enche a luta final como todos gostávamos – mesmo que a sua relevância narrativa seja muito pequena.

O melhor: O novo Batman e o plano de Lex Luthor.
O pior: Zack Snyder faz tudo para fazer justiça ao material de origem excepto dar um tom mais divertido ao que está a contar.


José Pedro Lopes

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