Nas férias escolares, um grupo de amigos resolve fazer uma enorme batalha na neve. Originando uma fratura entre amigos, este jogo rapidamente escala numa guerra que se prolonga durante dias. A chegada de duas miúdas novas à aldeia não vai facilitar as tensões que se sentem entre amigos. É esta a premissa de Está a Nevar!, um filme canadiano com contornos pacifistas que explora a infância.
Com uma animação sem pretensões e o grande desafio de representar neve e a mentalidade das crianças, o filme surpreende pela forma com que consegue ter sucesso em todos estes pontos, fazendo-o de forma subtil e funcional, criando espaço para que todos estes elementos se desenvolvam de forma natural, sem artificialidade e sem se sobreporem uns aos outros.
Infelizmente o final, com a sua mensagem pacifista bem-intencionada, acaba por ser o seu maior problema. Há vários exemplos ao longo de toda a História do cinema (e das narrativas em geral) em que decisões menos pensadas são tomadas e criam-se personagens ou situações para que as personagens principais possam crescer à custa delas. O exemplo mais comum é o da Manic Pixie Dream Girl, uma personagem sem profundidade e caracterizada apenas pelas suas peculiaridades cujo único objectivo é a mudança de quem se apaixona por ela. Há, neste filme, uma dessas decisões muito mal pensadas cujas consequências reais são ignoradas, que existe meramente para que as personagens principais percebam o absurdo da guerra e façam as pazes. Perfeitamente desnecessário, deixa um amargo na boca no que era um filme com alguma piada.
O Melhor: A animação.
O Pior: O final bem intencionado. mas estúpido, inconsequente e desnecessário.
João Miranda