Quinta-feira, 25 Abril

«Zoolander 2» por Duarte Mata

Ainda há quem se ria do facto de Terrence Malick, o cineasta polarizador por trás de obras como A Árvore da Vida, adorar o Zoolander original, sátira ao mundo da moda, em que Ben Stiller representava um modelo pouco esperto, cuja carreira estava a sofrer uma forte queda e acabava por se tornar uma peça fundamental num esquema que envolvia um assassinato político ao presidente da Malásia. Mas a verdade é que esse filme estava repleto de boas ideias e bem concretizadas, bem como um trabalho de produção elaborado que exagerava a indústria que parodiava como uma enorme fantasia de crianças crescidas, através de elaborados cenários e, obviamente, um guarda-roupa muito característico.

A sua sequela prova que Stiller percebeu o que funcionava no primeiro filme e manteve-o inalterado: os cenários são mais excêntricos, o guarda-roupa superiormente bizarro, os cameos (que eram um apanágio) são agora em número ainda maior e com um papel mais relevante para a história, assim como uma banda sonora conveniente (até os Wham, responsáveis por um dos momentos-chave mais engraçados, estão de volta). Agora, a intriga vem associada a uma conspiração à la Dan Brown que envolve, entre outras curiosidades, Sting como líder de uma sociedade secreta que jurou proteger e procurar o Messias da moda e todos os grandes donos de marcas como os que o pretendem destruir.

Há uma maior equipa de argumentistas e, com ela, uma maior criatividade, o que inclui uma Alcatraz para criminosos do mundo da moda, Penélope Cruz com um passado obscuro e o próprio filho de Zoolander que foi colocado num orfanato em Roma por o pai se mostrar incompetente. Stiller traz de volta a sua família e dirige-a com mais imaginação e cuidado, provando que o seu duo com Owen Wilson, em tempos um dos mais apelativos nas bilheteiras, ainda não perdeu a sua chama, dando-nos o que é, sem dúvida, uma das melhores e mais criativas comédias do ano.

O melhor: A criatividade e a receita do original imutável.
O pior: Alguma dependência ao primeiro filme pelo que aconselhamos a ver ou rever este último.


Duarte Mata

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